O uso da chupeta é sempre prejudicial à criança?
Será que existe outro objeto do universo do bebê tão amado e, ao mesmo tempo, tão criticado quanto a chupeta?!
Pois é, a maioria dos bebês e de crianças muito pequenas ama a chupeta, enquanto a maioria dos adultos só faz críticas ao seu uso! Pior, geralmente criticam a mãe ou por oferecê-la ao seu filho ou por demorar em cortar-lhe o uso depois que ele cresce. Enfim, estamos diante de um assunto polêmico. Então, vamos devagar...
Em outros países, tanto da Europa quanto das Américas, a chupeta é chamada de “pacificador” – e nisto nós concordamos: ela acalma mesmo o bebê. Isto é bom? Penso que sim. Até porque a mãe também se acalma ao sentir que seu filho já pode começar a se “organizar” (emocionalmente falando) a partir de um pequeno objeto que proporciona uma prazerosa função: o ato de sugar como uma forma de autorização de se satisfazer na ausência da mãe.
É bom lembrar que uma boa mãe, além dos cuidados e carinhos que oferece ao seu bebê, também permite que ele se satisfaça e relaxe sem ser somente através do contato com seu corpo. Então, por que será que criticam tanto este pequeno objeto de satisfação para a dupla mãe/bebê?
Bom, a palavra de ordem seria “bom senso” da parte da mãe e “capacidade de tolerância” para com ela e sua criança por parte daqueles profissionais que são muito contrários ao uso da chupeta, geralmente dentistas e ortodontistas. O que cabe a nós é orientar os pais quanto aos critérios de escolha e às vantagens e desvantagens de seu uso.
Vejamos: é importante que o material da chupeta seja adequado, com um formato que não prejudique a dentição (sugiro as ortodônticas da marca NUK, importada, e também a nacional KUKA), além de um tamanho condizente com a idade da criança. É também fundamental atentar para o tempo de uso diário e sua manutenção ao longo do crescimento, pois sabemos que uma chupeta usada além do necessário pode ser nociva.
Penso que a função deveria ser sempre a de acalmar o bebê, enquanto ele precisa aprender a se organizar sozinho, sem recorrer à sua mãe. Bons momentos para se oferecer a chupeta são aqueles em que ele necessita se recolher nele mesmo para adormecer ou quando precisa relaxar um pouco porque esteve em situações que, embora prazerosas, podem trazer desconforto e excitação. Por exemplo, depois da escola, de passeios ou visitas de familiares, inicialmente, crianças muito pequenas não conseguem se acalmar sem a presença de suas mães, porém, como algumas vezes elas podem não estar disponíveis, a chupeta pode ser um bom recurso.
Respeitado esses critérios, tudo tranquilo com este objeto que penso ser tão importante para o encontro mãe/bebê.
Vale a dica: atenção profissionais preocupados com os malefícios do uso da chupeta: mães e seus bebês ficariam muito felizes sabendo que serão respeitados em suas escolhas. A chupeta pode ser muito boa para o equilíbrio afetivo da dupla, necessário para o desenvolvimento saudável da criança. E como na vida tudo passa, a necessidade e a importância da chupeta também passarão... Acaso alguém já viu um adolescente de chupeta?
Por Eloísa Lacerda, fonoaudióloga clínica, Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP e especialista em Tratamento Neuroevolutivo dentro do Conceito Bobath; Psicanalista membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae de SP, Coordenadora do Serviço de Acolhimento Relação Mãe/Bebê da Derdic/PUC-Sp e do curso de especialização “Clínica Interdisciplinar com o Bebê – a saúde física e psíquica na primeira infância” da Cogeae/PUC-SP (de 2003 a 2009).
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E quanto à mamadeira?
O uso da mamadeira sempre causou muita polêmica. Alguns médicos são contra, outros a favor desde que não vire um mau hábito. Não há dúvida que a criança que passa o dia com a mamadeira na boca tem grandes chances de prejudicar sua fala, sua dentição e até seu desenvolvimento psicológico. Por outro lado, em alguns casos, a mamadeira é uma boa aliada na alimentação de bebês que não podem ser amamentados pela mãe.
Em primeiro lugar é preciso entender sua função. A mamadeira é a substituta do seio da mãe. Quando o bebê, por algum motivo, não pode receber a amamentação materna, o uso da mamadeira torna-se necessário para alimentá-lo. “O uso de mamadeira tem indicação precisa e restrita nos casos em que a mãe não quer ou não pode amamentar. Por exemplo: morte materna; portadoras de HIV; mães que tomam medicamento que as pesquisas científicas contra indicam a amamentação; usuárias de drogas ilícitas e crianças ou mães institucionalizadas”, explica a dra. Keiko Teruya, do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.
É importante que a mãe esgote todas as possibilidades de oferecer o leite materno antes de introduzir a mamadeira para que o bebê não se acostume ao bico artificial. “A sucção do bico da mamadeira é totalmente diferente da sucção no peito. Isto pode provocar a confusão de bicos e levar ao desmame precoce, que é uma das principais causa de mortalidade infantil”, alerta a especialista.
Mas afinal, porque a mamadeira é condenada? Segundo a Dra. Keiko, o bico artificial pode tornar a criança um respirador bucal, que poderá provocar graves problemas respiratórios, de sono, de fala, humor, defeito na arcada dentária e déficit de aprendizagem.
Não é à toa que os fabricantes de bicos, mamadeiras e chupetas são obrigados a alertar sobre os problemas causados na embalagem dos produtos, usando a seguinte frase: “O Ministério da Saúde informa: a criança que mama no peito não necessita de mamadeira, bico ou chupeta. O uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação e seu uso prolongado prejudica a dentição e a fala da criança".
A dica para as mamães que querem evitar o uso de bicos artificiais é esquecer a mamadeira e oferecer o copinho quando os sucos forem introduzidos pelo pediatra na dieta do bebê a partis dos seis meses. “A recomendação da Organização Mundial de Saúde/UNICEF é amamentar a criança exclusivamente ate seis meses e complementada com outros alimentos até dois anos ou mais. Assim, uma criança que mama não necessita o uso de mamadeira em sua vida”, diz a pediatra, que afirma que a criança já está apta a beber no copo desde que consiga a sucção de líquidos, já na UTI neonatal.
Hábitos prejudiciais sim, evite certos comportamentos!!!
- Não deixe o furo do bico da mamadeira muito grande, para que o bebê estimule a musculatura e não sacie a fome muito rápido;
- Ferva os bicos e a mamadeira;
- Dê chupeta somente se a criança pedir e evite prender na roupa para não ficar tão fácil o acesso a mesma;
- Limite os hábitos de sucção até os 2 anos de idade. Após esta idade, as deformidades bucais podem ser mais difíceis de serem tratadas. Até os dois anos, as deformidades regridem com a interrupção do hábito.
- Dica: Fure a chupeta! Assim ela perde toda a graça.
- Utilize bico ortodôntico.
Vou mostrar um desenho com a diferença do posicionamento de língua e musculatura na presença de um bico convencional e um bico ortodôntico:
A primeira chupeta possui bico ortodôntico. A língua ocupa todo o céu da boca, selando a entrada de ar bucal, facilitando uma respiração nasal, ao contrário do que ocorre com o bico convencional, que facilita a respiração patológica: a respiração bucal. Na primeira figura há um equilíbrio maior da musculatura bucal.
Consequências dos hábitos de sucção por período prolongado
Os hábitos nocivos de sucção, principalmente, causam alterações na arcada dentária da criança e problemas de crescimento e desenvolvimento. São as patologias de oclusão dentária. Estes hábitos podem criar patologias fonoaudiólogas, transtornos psicológicos e de relacionamento. Estimulam a deglutição atípica e a respiração bucal.
Mordida Aberta Anterior Deglutição Atípica
Mordida normal, mordida aberta anterior (patológica) e protrusão dos dentes anteriores (patológico).
Mordida cruzada posterior
Mordida cruzada posterior e aberta anterior
Para finalizar, algumas marcas de creme dental sem flúor. Lembre-se que a ingestão de flúor por crianças de até cinco anos pode causar uma doença conhecida por fluorose. Nesta doença, a estrutura dentária sofre alterações de forma, cor e resistência.
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