Início Contato Método das Boquinhas Portfólio Cursos Acessoria Via Skype
Mostrando postagens com marcador psicopedagogia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador psicopedagogia. Mostrar todas as postagens
0

Dificuldades ortográficas no 5º ano: por que ainda ocorrem?

Dificuldades ortográficas no 5º ano: por que ainda ocorrem?

Fonte: http://www.direcionaleducador.com.br/

"No presente artigo, pretendo desenvolver análise acerca das dificuldades ortográficas ainda encontradas por muitos alunos do 5o. ano do ensino fundamental. A escolha pelo tema se deu em razão de estar lecionando no 5o. ano e por ser, frequentemente, surpreendida por erros ortográficos de diferentes naturezas, encontrados nas escritas de de alunos que são bons leitores, bons escritores, dedicados e comprometidos com os estudos. O que acontece? No intuito de compreender essa realidade, a literatura me remeteu à época de Cabral (...)"
 
Em artigo publicado na revista Direcional Educador (dez/12), desenvolvo breve reflexão sobre a ortografia da língua portuguesa do Brasil, a apropriação da ortografia pelos estudantes em geral, a apropriação da ortografia no 5o. ano do ensino fundamental e sobre intervenção nos erros ortográficos. Não se tratando de um estudo conclusivo, espero conseguir despertar no leitor a  curiosidade pela ortografia. Para a aquisição dessa edição da Direcional Educador visite o site: http://www.direcionaleducador.com.br/edicao-95-dez/12/edicao-95-dez/12
Leia Mais ►
0

Déficit de Atenção e Dislexia na Escola


DÉFICIT DE ATENÇÃO E DISLEXIA NA ESCOLA
Escrito por  ABDA
As dificuldades escolares são diversas e multifatoriais, dificultando, muitas vezes, delimitações mais precisas. No entanto, o comprometimento de habilidades estratégicas para o aprendizado, como atenção e leitura, pode determinar prejuízos persistentes e difusos, justificando uma avaliação mais sistemática e aprofundada destas funções. O avanço no conhecimento sobre transtornos como o TDAH e a Dislexia tem melhorado a compreensão geral sobre estas funções, orientando ainda estratégias mais específicas e eficazes de intervenção.

A atenção é a porta de entrada da informação, devendo selecionar o que é relevante e controlar seu processamento pelo cérebro. Entre outros efeitos, a atenção facilita a percepção, a memória e a resposta motora, tendo papel central no aprendizado (seja uma habilidade ou um conteúdo).
A leitura, ao contrário da fala, não é aprendida de forma natural ou intuitiva. Esse processo pode ser favorecido por um trabalho sequencial das habilidades envolvidas. A leitura tem como finalidade a compreensão, e depende da decodificação (conversão de letras em sons) adequada, além do domínio da língua (habilidades da linguagem oral). Presumida a sua aquisição, a linguagem escrita se torna a principal (quase exclusiva) ferramenta de acesso e avaliação dos conteúdos escolares, o que é potencialmente problemático. Separar as demandas de leitura/escrita daquelas próprias da disciplina pode ajudar a delimitar eventuais déficits, além de enriquecer o aprendizado de todos os alunos.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é definido pela presença de sintomas primários e persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade em níveis disfuncionais. Dificuldades de organização e planejamento (disfunção executiva) são também muito frequentes. A dislexia é um transtorno específico da aprendizagem no qual há uma dificuldade significativa e persistente na leitura, resultante de um déficit na decodificação. A compreensão da linguagem oral encontra-se preservada, diferente do que é observado nas dificuldades primárias de compreensão.
O TDAH e a dislexia são condições prevalentes na infância (acometem cerca de 5% das crianças), com impactos na vida escolar, social e familiar. A possibilidade de diagnósticos adicionais (comorbidades) é a regra – não a exceção – nestes quadros, devendo ser investigados (sintomas de outros transtornos do neurodesenvolvimento, alterações do humor, ansiedade, entre outros). A taxa de comorbidade entre TDAH e Dislexia é elevada e bidirecional (25 a 40% apresentam sintomas do outro transtorno, independente do inicial). Esta associação, muito estudada, envolve complexos mecanismos que são compartilhados por estes transtornos (genéticos, ambientais, comportamentais, cognitivos, etc.). Situações comórbidas evoluem, em geral, com maiores prejuízos, não só acadêmicos como globais (índices de reprovação e evasão escolar, baixa autoestima, problemas de comportamento, etc.). Ambos os transtornos devem ser diagnosticados e tratados. O reconhecimento desta associação é uma tarefa muitas vezes difícil, e requer a avaliação cuidadosa e a colaboração de todos os envolvidos.
Atenção e leitura são habilidades múltiplas e complexas, que variam muito entre as pessoas (são dimensionais). Avaliar adequadamente e entender os diversos perfis de funcionamento são grandes desafios para as Neurociências. A dificuldade de leitura na comorbidade parece se relacionar mais com a desatenção do que com os outros sintomas do TDAH. Em algumas crianças, a impulsividade favorece muito o uso da adivinhação como estratégia compensatória. Caso o comportamento de desatenção esteja presente somente nos momentos de leitura, o diagnóstico de TDAH se torna mais improvável. O papel da atenção visual na dislexia é foco recente de pesquisas, além de outros parâmetros já identificados (velocidade de processamento, memória operacional, etc.).
Estratégias de identificação precoce, prevenção e intervenção têm sido desenhadas a partir deste conhecimento, abrindo interessantes perspectivas. No entanto, há limitações para a generalização destes resultados, que devem estar claras (diferenças entre as línguas, variações culturais, etc.). A transparência é a marca da boa ciência. Um olhar individualizado e bom senso são imprescindíveis em todos os casos. Seguem algumas estratégias gerais em função dos aspectos sinalizados.

HABILIDADES IMPORTANTES PARA A LEITURA

→ Consciência fonológica: capacidade de perceber e manipular sons da fala
- reconhecer os sons das palavras (usar palmas);
- fazer rimas, acrescentar e retirar partes das palavras, formando outras.

→ Nomeação de letras e associação letra-som
- usar jogos ou músicas para facilitar a memorização;

- usar letra bastão, evitando informações conflitantes antes da consolidação desta fase (letra cursiva);

- evitar exposição a uma segunda língua quando houver dificuldade.

→Decodificação fluente (conversão letra-som)
- começar com palavras simples e regulares;

- aumentar progressivamente a complexidade (palavras maiores, irregulares, frases curtas, etc.)

→ Domínio da língua (aspectos estruturais e semânticos) e narrativa oral

- vocabulário (sentido literal e figurado); palavras derivadas;

- estrutura frasal e relação entre as frases;

- pistas do contexto e inferências;

- ideia central (personagens e fatos principais);

- sequência temporal e os termos indicativos;

- informações implícitas (o que o personagem pensou ou sentiu; o que poderia ser diferente).

ACOMODAÇÕES DE LEITURA NA ESCOLA
   A dislexia é uma dificuldade persistente de leitura, que é sempre mais difícil e cansativa. Embora o desempenho melhore com a prática, as demandas escolares crescentes (textos e enunciados mais extensos e complexos em várias disciplinas) podem manter eventuais lacunas. Além disso, a leitura deve ser estimulada como atividade de prazer, praticada também fora da escola. Para isso, é fundamental possibilitar outras formas de aprendizado, evitando possíveis sobrecargas.

 
 ESTRATÉGIAS GERAIS:
  1. dar mais tempo para o aluno nas atividades que envolvem leitura;
  2. aumentar o espaço entre as letras e destacar as partes mais importantes (atenção visual);
  3. possibilitar leitura em voz alta dos textos e enunciados quando necessário;
  4. esclarecer as dúvidas sobre textos/enunciados (antes de presumir falhas de conteúdo);
  5.  erros ortográficos atípicos fazem parte do quadro e não devem ser descontados;
  6.  usar recursos visuais para apresentar ou resumir os conteúdos (desenhos, figuras ou esquemas);
  7.  permitir que o aluno responda oralmente ou através de recursos visuais;
  8.  atividades alternativas de aprendizado (museus, exposições, filmes, etc.);
  9. permitir a gravação das aulas e/ou indicação material audiovisual sobre o conteúdo*


* A Khan Academy oferece aulas objetivas e muito didáticas sobre diversos assuntos. Podem ser acessadas gratuitamente através do site (em inglês, com legendas): www.khanacademy.org

 Fundação Lemann está traduzindo este material: www.fundacaolemann.org.br

Artigo escrito pela Dra. Priscila S. Martins - ELO UFRJ
www.metododasboquinhas.com.br
Leia Mais ►
0

Relatório de Avaliação Pedagógica – Aquisições Cognitivas–Conclusão, Orientações e Encaminhamentos

aval 

Nesta postagem, finalizando o corpo de texto do Relatório de Avaliação Pedagógica,( veja o passo a passo: introdução, anamnese ) após o avaliador (pedagogo ou psicopedagogo) observar, avaliar e analisar os resultados das aquisições e desenvolvimento de habilidades e competências de acordo com os aspectos avaliados: atenção e concentração, esquema corporal, a estruturação espaço-temporal, lateralidade, orientação espacial através de análise e síntese visual e auditiva, coordenação visomotora, equilíbrio, desenvolvimento intelectual afetivo-social. Conceitos básicos de psicomotricidade: em cima /embaixo, dentro/fora, perto/longe, atrás/na frente, cores primárias e secundárias, formas geométricas, leitura e a interpretação, a produção de textos, análise linguística e sistematização para o domínio do código, (teste da psicogenética da escrita), Linguagem oral (constituição da fala: troca, omissão ou não de fonemas), do raciocínio lógico, de acordo com a proposta pedagógica, será feita a Conclusão, Orientações e Encaminhamentos.
(…)
“L” após se sentir acolhido e estimulado pela Equipe de Apoio Pedagógico realizou todas as atividades propostas com atenção, concentração(sendo que em sala de aula mantem-se disperso; evidenciando atender comandos e compreensão de enunciados, respondendo através de pouca gesticulação, comunicação limitada a algumas frases.
Em relação à estruturação espaço-temporal, apresenta conhecimento em desenvolvimento, com algumas falhas na compreensão de si mesmo e de situar-se no tempo (horas; ontem, hoje e amanhã; dias da semana, meses do ano), mas já identifica o bairro onde mora, o estado; o país somente através de intervenção; domina dos conceitos em cima /embaixo, dentro/fora, perto/longe, atrás/na frente, equilíbrio, locomoção e lateralidade definida.
A memória lógica, auditiva e visual evidencia algumas dificuldades em verbalizar respostas que possam ser avaliadas.
Quanto à inteligência demonstrou capacidade, em desenvolvimento abaixo ao esperado pela sua idade e ano cursado, de assimilar conhecimentos e compreender as relações entre eles, integrando-os aos conhecimentos já adquiridos anteriormente; de raciocinar logicamente e de forma abstrata, manipulando conceitos, números e palavras.
Foram avaliadas a leitura e a interpretação, a produção de textos, análise linguística e sistematização para o domínio do código, do raciocínio lógico.
Na sistematização para o domínio do código, o aluno encontra-se em processo, no nível intermediário da psicogênese silábico/alfabético, em que para algumas sílabas usa só uma letra, escrevendo as demais alfabeticamente; as capacidades, no campo da leitura estão em desenvolvimento: lê algumas palavras de estrutura simples, e produz pequenas frases.
A análise linguística demonstra que os aspectos textuais como: construção de frases e períodos, coesão e coerência, vocabulário, parágrafo, gênero assim como os aspectos gramaticais, ortografia, acentuação, pontuação, concordância, forma, legibilidade e estética são conceitos e práticas que ainda não estão estruturados, evidenciando defasagem de conteúdos para o ano cursado.
As noções prévias do pensamento lógico matemático encontram-se no nível operatório-concreto, em que classificação, seriação, conservação, inclusão de classe se encontram em desenvolvimento aquém ao esperado para sua idade/ano. Realiza contagem de 1 em 1 até 80, com alguns números espelhados e quantifica até 70.
Reconhece e relaciona quantidades: maior que, menor que. Realiza cálculo mental utilizando os dedos como suporte, lê, interpreta (com ajuda) e resolve situações-problemas de estrutura simples com suporte de estímulos (gravuras), operacionaliza adição e subtração até 50, não domina ainda os fatos da multiplicação.
6 - Conclusão
Aluno com 09 anos, com duas repetências, vem de um ambiente familiar inseguro pela ausência da mãe que trabalha fora do lar, cuja interação social se encontra em desenvolvimento, dificuldades na aquisição de conhecimentos acadêmicos; linguagem oral comprometida com troca e omissões de fonemas; sem autonomia e independência nas atividades da vida diária, desatento e disperso em sala de aula, em todos os aspectos avaliados encontra-se em defasagem idade/ano cursado, em relação aos conteúdos e dentro do aspecto cognitivo encontra-se em um desenvolvimento, porém aquém ao esperado. Apresentando algumas dificuldades específicas na escrita, em grau menor no raciocínio lógico matemático.
7_ Orientação á Família e ao Professor:
O aluno necessita ser melhor acompanhado e estimulado em suas atividades da vida diária e nos deveres de casa, pela família, procurando elevar sua autoestima através da atenção e afetividade.
Em sala de aula e nas demais atividades como sala de leitura, laboratório de informática e recreação, o professor deverá manter o aluno sob sua atenção, incentivando-o no desempenho de todas as atividades propostas, procurando despertar sua curiosidade e vontade de aprender através de atividades significativas voltadas para os interesses do aluno. Fazer uso de material concreto e lúdico. Atividades específicas de escrita e leitura que promovam o avanço na hipótese silábica. Estimular a interação social através de trabalhos em grupo, em sala de aula, e posições de liderança nas recreações.
O aluno deverá ser atendido pela Equipe Multidisciplinar (Apoio á Aprendizagem) participando de oficinas de psicomotricidade e autoestima, em grupos de alunos.
*Estas orientações preliminares devem ser desenvolvidas até que haja novas orientações após avaliações fonoaudiológica e psicológica com provável indicação neurológica.
8- Encaminhamentos:
Avaliação da acuidade visual, auditiva; avaliação e acompanhamento fonoaudiólgicos, psicológicos, caso seja necessário avaliação neurológica, para que melhor seja atendido em suas necessidades educacionais.
Equipe Multidisciplinar
Assinaturas:
Local e data.
Veja no blog: Impacto da Pedagogia Moderna – sugestões de materiais para avaliação pedagógica , clicando >  Aqui
Por: Júlia Virginia de Moura- Pedagoga
Leia Mais ►
0

A Função do Diagnóstico Psicopedagógico




Segundo o DSM-IV, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA, 1994) os Transtornos da Aprendizagem (anteriormente Transtornos das Habilidades Escolares) estão incluídos nos “Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou Adolescência”. Os Transtornos da Aprendizagem incluem: Transtorno da Leitura, Transtorno da Matemática, Transtorno da Expressão Escrita e Transtorno da Aprendizagem Sem Outra Especificação.

Esta última “categoria envolve os transtornos da aprendizagem que não satisfazem os critérios para qualquer Transtorno da Aprendizagem específico, podendo incluir problemas em todas as três áreas (leitura, matemática, expressão escrita) que, juntos, interferem significativamente no rendimento escolar, embora o desempenho nos testes que medem cada habilidade isoladamente não esteja acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade apropriada à idade do indivíduo” ( APA, 1994). Serão esses os transtornos que aqui iremos tratar.  

O transtorno de aprendizagem é uma perturbação no processo de aprendizagem, não permitindo ao indivíduo aproveitar as suas possibilidades para perceber, compreender, reter na memória e utilizar posteriormente as informações obtidas.

Num enfoque psicopedagógico, encaramos os transtornos de aprendizagem como um sintoma, um sinal de descompensação, no sentido de que não são permanentes, sendo passíveis de transformação. “A hipótese fundamental para avaliar o sintoma é entendê-lo como um estado particular de um sistema que para equilibrar-se precisa adotar esse tipo de comportamento que poderia merecer um nome positivo, mas que caracterizamos como não-aprender” ( Pain,1986).

Esse é o papel inicial do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem: fazer uma análise da situação para poder diagnosticar os problemas e suas causas. Ele levanta hipóteses através da análise de sintomas que o indivíduo apresenta, ouvindo a sua queixa, a queixa da família e da escola; além de resgatar a história de vida do sujeito. Para isso, torna-se necessário conhecer o sujeito em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade de aprendizagem do sujeito e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. O psicopedagogo procura, portanto, compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superando dificuldades que impeçam um desenvolvimento harmônico e que estejam se constituindo num bloqueio da comunicação dele com o meio que o cerca.

São diversos os fatores envolvidos nos transtornos de aprendizagem: orgânicos, cognitivos, emocionais e ambientais, relacionados a três pólos de procedência: o indivíduo, a família e a escola.

Estando a origem de toda a aprendizagem nos esquemas de ação através do corpo, precisamos verificar, primeiramente, como estão sendo processadas as principais funções e a integridade dos órgãos ligados a elas, para podermos, posteriormente, considerar os aspectos cognitivos. Estes dizem respeito ao desenvolvimento e funcionamento das estruturas que proporcionam a possibilidade de conhecimento por parte do sujeito, em sua interação com o meio. Nessa área podemos incluir as funções de percepção, discriminação, atenção, memória e processamento da informação. Não podemos nos esquecer de que os fatores motivacionais são muito importantes na construção do significado daquilo que se aprende, formando uma rede de inter-relações entre esses conteúdos e aquilo que já se conhece. Assim, os aspectos emocionais interferem na construção do conhecimento. Abrangem um amplo campo, desde dificuldades para lidar com as frustrações até sérios transtornos emocionais como psicose e depressão infantis.

Para além das causas individuais, estão as de ordem ambiental, oriundas da família, da escola e da sociedade, como um todo. São fatores intervenientes o próprio modelo de funcionamento da família e as relações aí estabelecidas; o perfil da escola, sua filosofia, metodologia e as relações advindas de sua estrutura administrativa e pedagógica; e o meio-ambiente sócio-cultural com poucos estímulos.

Torna-se necessário lembrarmos que esses fatores não são estanques, nem aparecem isoladamente. Eles têm uma circularidade causal, como bem diz Alicia Fernández: “A origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura individual. O sintoma se ancora em uma rede particular de vínculos familiares que se entrecruzam com uma também particular estrutura individual”. ( Fernández- 1990)

 Se ao papel da família acrescentarmos o papel da escola, como matrizes de desenvolvimento e promoção do equilíbrio do sujeito, teremos a formação completa dessa rede, como já foi dito acima. Ambas são responsáveis tanto pela aprendizagem como pela não-aprendizagem do indivíduo. Modificações na estrutura e funcionamento da rede de relações podem trazer melhorias para o aprendente, desmistificando a sua culpa nos transtornos de aprendizagem.

Desta forma, tanto o psicopedagogo clínico como o psicopedagogo institucional, num primeiro momento, vão avaliar os fatores envolvidos nos transtornos. O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início a um processo de superação das dificuldades.

Num segundo momento, o psicopedagogo iniciará o processo de intervenção junto à instituição (Escola, Hospital, etc.), no sentido de promover as mudanças necessárias; e junto ao indivíduo, através de orientação dentro da própria instituição ou encaminhamento para um trabalho clínico especializado.

 Num terceiro momento, vão atuar como interlocutores entre o indivíduo, seus pais, professores e especialistas, com o objetivo de estabelecer um espaço de confiança, segurança, tranqüilidade e prazer entre todos, onde seja possível a aprendizagem: regras firmes e claras, mas flexíveis para permitir experimentação e escolha; respeito e acolhimento para ouvir as demandas das crianças; tempo para que essas demandas apareçam; liberdade que permita o processo de construção da individualidade das crianças; troca de afetividade, como possibilidade de estabelecimento de vínculos.

Somente através da construção dessas parcerias é que perceberemos novas possibilidades de redefinição do sistema – Família – Escola – Indivíduo - para podermos atingir nossos objetivos, enquanto psicopedagogos: a criação de um novo contexto em que o sintoma de não-aprendizagem desapareça, por não mais se fazer necessário.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APA (Associação Americana de Psiquiatria). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV). Porto Alegre. Artes Médicas, 1994.
CELIDONIO, M.R.F.- Família, Aprendizagem, Escola – Monografia do curso Família: Dinâmicas e Processos de Mudança. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1996.
FERNÁNDEZ, A. – A Inteligência Aprisionada: Abordagem Psicopedagógica Clínica da Criança e sua Família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
PAIN, S. – Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986.
AMARAL, S. & VELOSO, A.F. – Distúrbios de Aprendizagem: Diagnóstico e Orientação. Revista Temas sobre Desenvolvimento, V.3, N.14, P.10-13, 1993.
SOUZA, M. P. – Introdução aos Distúrbios de |Aprendizagem: um Desafio para o Nosso Tempo, in Tecnologia em (Re) Habilitação Cognitiva- Uma Perspectiva Multidisciplinar. São Paulo: Edunisc, 1998.
TOPCZEWSKI, A. – Aprendizagem e suas Desabilidades. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
 WEISS, M. L. L. - Psicopedagogia Clínica - Uma Visão Diagnóstica. Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.


Leia Mais ►
0

A interpretação do desenho infantil


Mais de que uma atividade lúdica, fazer e colorir desenhos tem um papel muito importante no desenvolvimento de várias capacidades infantis, mas não só. Um desenho feito por uma criança exprime emoções, opiniões, medos, dúvidas e características da sua personalidade. Não é por acaso que os desenhos são uma ferramenta de trabalho preciosa nas avaliações psicológicas infantis e terapias posteriores. Saiba a que tipo de desenhos deve estar atento.

A força de um desenho

As crianças privilegiam uma folha de papel branca e lápis de cera para exprimir as suas opiniões, sentimentos e medos – muito mais do que a comunicação verbal. É esta a forma que a criançada encontra para contar uma história que terá, invariavelmente, representações de cenas e de pessoas da sua vida real. Um desenho encerra um sem número de significados, presentes em pequenos pormenores que podem não ser imediatamente evidentes, mas que com um olhar mais atento podem revelar algo que possa estar a afetar a criança de forma negativa.

Meninas x Meninos

Quem já teve oportunidade de analisar desenhos criados por meninos e meninas rapidamente verificam que, na maior parte dos casos, existem diferenças notórias. Por norma, os desenhos de crianças do sexo masculino estão intimamente ligados à ação e à força, sendo por consequencia mais escuros e até mais agressivos (podem incluir explosões, armas e monstros, por exemplo); enquanto os desenhos de crianças do sexo feminino estão mais voltados para a natureza e a serenidade, sendo mais contemplativos, belos e coloridos (incluem, não raras vezes, o sol, as nuvens, flores e personagens fantasiosas como fadas, por exemplo).

Como interpretar os desenhos

Uma área específica e alvo de estudo intensivo, os desenhos infantis são matéria privilegiada no campo da psicologia, o que significa que nem os professores ou educadores de infância estão completamente treinados para decifrar desenhos. Porém, existem sinais de alerta, presentes nos desenhos das crianças, que podem despertar pais e professores para situações anormais. Os terapeutas especialistas afirmam que a interpretação dos desenhos deve ser feita consoante a idade da criança, ou seja, um desenho todo preto feito por uma criança de 2 anos pode não ter nenhuma conotação negativa, uma vez que esta ainda não tem uma consciência clara da escolha das cores, ao invés de uma criança mais velha, com 4 ou 5 anos. No entanto, os psicólogos vão mais longe nesta matéria e defendem ainda a importância de não avaliar o desenho isoladamente, mas de considerar, para além da idade da criança, a sua personalidade, o seu desenvolvimento cognitivo e ainda o seu histórico de desenhos. Em adição, há, naturalmente, o contexto do desenho, ou seja, sugere-se que o adulto fale frequentemente com a criança sobre aquilo que desenha.
Deve estar atento a:
· Cores utilizadas e vivacidade das mesmas;
· Força ou interrupção do traço;
· Existência de sombras;
· Isolamento de determinadas figuras (“fechadas” dentro de um quadrado ou de um círculo, por exemplo);
· Ausência de determinadas figuras ou representação das mesmas numa escala muito reduzida;
· Agressividade de determinadas figuras;
· A criança passa a desenhar, continuadamente, cenários de violência;
· Desenha repetidamente a mesma figura;
· Se alguma figura é riscada ou apagada, depois de desenhada;
· Desenha figuras sem cabeça ou sem rosto;
· Não consegue desenhar-se a si próprio, numa imagem de família por exemplo;
· Desenha cenários que não são adequados à sua idade.
O que fazer?
· Não entre em pânico, nem proíba a criança de desenhar. O desenho tanto pode revelar algo negativo, como não. Mas, independentemente da conclusão final, é sempre preferível saber e descobrir antecipadamente algo que esteja menos bem na vida da criança;
· Como os adultos nem sempre vêem o que o imaginário das crianças (e a falta de técnica, compreensível nos mais novos) transpõe para o papel, é essencial manter um diálogo aberto sobre os desenhos infantis, sem recriminações, apenas muitos “porquês”. Procure descobrir a “história” por de trás de cada desenho;
· Se verificar um ou mais “sinais de alerta” (transcritos na lista acima), é importante reunir os desenhos mais recentes da criança, para verificar se existe uma recorrência desse padrão ou não. Se necessário, marque uma reunião com a professora, de forma a poder também ter acesso aos desenhos efetuados na escola;
· Fale com a criança sobre os desenhos em questão, tentando descobrir o que está por de trás dos mesmos, ou seja, a criança pode ou não dizer-lhe exatamente o que se passa ou o que se passou, por isso, será necessário estar atento às “entrelinhas”;
· Se os desenhos da criança continuar a alarmá-lo, procure ajuda profissional (Psicólogo ou Psicopedagogo);
· Acima de tudo, não desencoraje a criança de desenhar, esta é uma atividade lúdica, criativa e educacional, que deve ser praticada continuamente, até porque os seus benefícios são mais do que muitos.

Formas de interpretação do desenho infantil

Existem algumas pistas que podem orientar os pais sobre o que diz o desenho do seu filho. No entanto, são puramente orientações. Segundo a especialista canadense, Nicole Bédard, o desenho diz muitas coisas. Exemplos:

Posição do desenho – Todo desenho na parte superior do papel, está relacionado com a cabeça, o intelecto, a imaginação, a curiosidade e o desejo de descobrir coisas novas. A parte inferior do papel nos informa sobre as necessidades físicas e materiais que pode ter a criança. O lado esquerdo indica pensamentos que giram em torno ao passado, enquanto o lado direito, ao futuro. Se o desenho se situa no centro do papel, representa o momento atual.
Dimensões do desenho - Os desenhos com formas grandes mostram certa segurança, enquanto os de formas pequenas parecem ser feitas por crianças que normalmente precisam de pouco espaço para se expressar. Podem também sugerir uma criança reflexiva, ou com falta de confiança.
Traços do desenho - Os contínuos, sem interrupções, parecem denotar um espírito dócil, enquanto o apagado ou falhado, pode revelar uma criança um pouco insegura e impulsiva.
A pressão do desenho - Uma boa pressão indica entusiasmo e vontade. Quanto mais forte seja o desenho, mais agressividade existirá, enquanto as mais superficiais demonstram falta de vontade ou fadiga física.
As cores do desenho – O vermelho representa a vida, o ardor, o ativo; o amarelo, a curiosidade e alegria de viver; a laranja, necessidade de contato social e público, impaciência; o azul, a paz e a tranquilidade; o verde, certa maturidade, sensibilidade e intuição; o negro representa o inconsciente; o marrom, a segurança e planejamento. É necessário acrescentar que o desenho de uma só cor, pode denotar preguiça ou falta de motivação.
Esses tipos de interpretação, são apenas uma pincelada dentro do grande mundo que é o desenho infantil. Não devemos generalizá-los. Cada criança é um mundo, assim como as regras de interpretação do desenho infantil. Se alguma coisa te preocupa no seu filho, e se for necessário, busque um especialista.
Entre 2 e 3 anos de idade, a criança ainda não faz desenhos com significado representativo. Gradativamente a criança vai expressando traços mais significativos, entre os 2 e 3 anos, o que se nota são traços leves, ou fortes, pequenos rabiscos, etc. Entre os 3 e 5 anos de idade, a criança já tenta desenhar de acordo com a sua realidade, e conforme a própria percepção. Evidente que ainda são traços sem grande expressão, mas que para a criança tem todo um sentido.

Alguns significados de alguns desenhos:

Árvore: Refere-se ao físico, emocional e intelectual da criança, Quando o tronco da arvore é alto e largo, revela que seu filho tem muita força na superação dos problemas. Quando o tronco for pequeno e estreito, revela vulnerabilidade às complicações.Se houver excesso de folhas, a criança tem grandes ocupações talvez em excesso. Se houver poucas folhas, e galhos a criança está triste.
Casa: Desenho de uma casa grande, demonstra grande emotividade, se for uma casa pequenina seu filho demonstra que é uma criança retraída.
Barco: Desenhar barco significa que a criança adapta-se facilmente a imprevistos. Barcos grandes revelam que seu filho não gosta de mudanças e aprecia ter controlo da situação, se for barco pequeno seu filho é sensível, e tem grande intuição.
Flores: desenhar flores significa que seu filho é uma criança alegre e feliz.

Fonte: um livro muito interessante “Como interpretar os desenhos das crianças” da pedagoga Nicole Bedard – Edições CETOP, que poderá lhe ajudar a compreender melhor os desenhos infantis; e assim poder conhecê-lo mais profundamente.

Leia Mais ►

Vem comigo!

A Divulgação da Fonoaudiologia!

AVISO

Este Blog é uma central de compartilhamento de informações, notícias, trabalhos científicos e arquivos. Sendo seu objetivo principal a interação entre fonoaudiólogos ou estudantes de fonoaudiologia e áreas correlacionadas, sendo assim sua participação é sempre de extrema importância. Além das informações e orientações sobre Fonoaudiologia e áreas correlacionadas, estarão disponíveis materiais terapêuticos, sendo que as autorias sempre serão respeitadas. O fornecimento dos Download visa suprir a dificuldade de acesso e aquisição de materiais em nossas áreas de atuação, porem jamais fazendo apologia a pirataria. Assim deixo um pedido: Caso possam adquirir as obras nas livrarias, compre-as, contribuindo assim com os autores e com o movimento da máquina científica. As publicações de minha autoria que estão sendo disponibilizadas podem ser utilizadas de forma livre pelos visitantes, peço apenas que divulguem a fonte e autoria do material.
“As informações e sugestões contidas neste site têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento ao Odontopediatra, Ortopedia Funcional dos Maxilares, Ortodontia,Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Pediatria e outros especialistas”