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Alfabetização em época de Pandemia!!!


 Como os pais podem ajudar seus filhos nesse processo de aprendizagem? Compartilhe essa informação!!!

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MÉTODO DAS BOQUINHAS 18 E 19 DE MAIO EM LONDRINA-PR


O curso será realizado no Edifício Twin Towers, localizado na Av. Tiradentes, 501. Para inscrições clique no link abaixo. Descontos para grupos de 4 pessoas. Para grupos maiores entrar em contato através do celular/whatsapp 43 9 98063464.

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MIX DE BOQUINHAS EM LONDRINA-PR

MIX BOQUINHAS - TREINO ALFABETIZAÇÃO E TREINO DESENVOLVIMENTO INFANTIL - LONDRINA / PR
Curso de Desenvolvimento Infantil e Treino em Alfabetização pelo Método das Boquinhas. Neste curso iremos abordar o Desenvolvimento Infantil e os pré-requisitos necessários para uma pré-alfabetização. O trabalho da Consciência Fonológica como pressuposto fundamental para o desenvolvimento da linguagem escrita e leitura. As regras do Sistema de Escrita Alfabética e o domínio da metodologia na inclusão, no ensino regular e no clínico. Independente da área de atuação, o curso abordará bases sólidas e concretas para o educador ou clínico atuar com maestria, combatendo as dificuldades no processo de aprendizagem, fazendo com que o aluno atinja os níveis de competência máxima para uma alfabetização plena.
Edifício Twin Towers - Londrina-PR - Av. Tiradentes, 501 - Londrina, Paraná
13/04/2019 08:30 até 14/04/2019 17:30
Desconto especial para as 25 primeiras inscrições!!! Clique no link e faça logo sua inscrição. As 25 primeiras ainda irão concorrer uma Apostila "A Construção da Alfabetização".

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FRASES MAIS COMUNS OUVIDAS DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE, SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM


Muitas crianças passam por atrasos no seu desenvolvimento, e o primeiro profissional que a família procura é o médico pediatra. Em quase vinte anos de atuação, já recebi encaminhamento de profissionais da saúde, dentre eles; médicos pediatras, psicólogos, psicopedagogos, fisioterapeutas e áreas relacionadas ao desenvolvimento da criança, mencionando que foi observado que a criança está gaguejando. Na grande maioria dos encaminhamentos, tais crianças não tinham 3 anos de idade. Vale ressaltar, que os encaminhamentos são válidos, pois quando o profissional não possui conhecimento sobre o assunto, o mais ético é encaminhar para o profissional responsável, visto que esse sim, tirará todas as dúvidas da família.
Em contrapartida, já recebi em meu consultório pais que foram procurar médicos pra tirar dúvidas e saber o que estava atrasando a fala de seu filho, já que a criança já tinha dois anos de idade e ainda não falava uma só palavra com significado. Profissionais da área médica mencionam com frequência falas do tipo:

" Calma, seu filho irá falar, cada criança tem seu tempo! Não se preocupe!"

Ou ainda, as crianças que encontram-se com dificuldades no processo de alfabetização, seus cuidadores procuram ajuda médica e até mesmo alguns educadores acabam mencionando:

" Logo ele terá um click, irá despertar para alfabetização!"

Então vamos lá! O que temos de errado em confiar nessas falas e não procurar o profissional capacitado para tirar tais dúvidas, fazendo avaliações em casos que haja necessidade?

Primeiramente vamos falar no processo de desenvolvimento da linguagem de uma criança. A criança de um ano de idade já deve falar aproximadamente 4 a 5 palavras, com significado. Obviamente essas palavras não serão ditas corretamente, haverão trocas dos sons da fala (fonemas) que serão normais, pois estão no início do desenvolvimento da fala. Já uma criança que já possui dois anos de idade e ainda não fala nenhuma palavra, não deve passar despercebido e achar que "ela está no tempo dela, ainda não despertou", pois isso seria negligência por parte dos pais ou educadores. A família deve sim procurar o Fonoaudiólogo para uma avaliação mais profunda e havendo necessidade de intervenção, inciar o processo o quanto antes. Existem muitos motivos que podem levar ao atraso de linguagem, e deve ser investigados.

Agora se a criança já fala muito, daquelas tagarelas que a família brinca que começou a falar muito cedo e hoje forma frases e até conta histórias com dois anos e meio, porém, começou a gaguejar de uma hora pra outra. Calma! Não é motivo pra alarmar! Essa criança encontra-se na fase que chamamos de Gagueira Fisiológica, isso mesmo, fisiológica porque se enquadra dentro do desenvolvimento normal da linguagem. Quando a criança começa aumentar seu vocabulário, seu repertório comunicativo ficando mais rico, nasce uma grande necessidade de se expressar mais rapidamente, assim como é o pensamento humano, rápido e ágil. Entretanto, esse cérebro ainda imaturo, não consegue administrar e elaborar seu pensamento juntamente com sua fala, é nesse momento que ela começa a gaguejar para poder se expressar.



E quando a dificuldade chega no processo de Alfabetização? Como os  pais devem agir? Crianças possuem dificuldades no processo de alfabetização por vários determinantes. Temos hoje causas variadas e fáceis de diagnosticar quando a criança começa apresentar dificuldades no processo da linguagem escrita e da leitura. Um dos maiores determinantes é a falha dos pré-requisitos básicos para alfabetização. Algumas crianças passam despercebidas no período pré-escolar, período este, extremamente importante para as aquisições da linguagem escrita e consequentemente no processo de aprendizagem da leitura, mostrando déficit de atenção com ou sem hiperatividade, falhas de memória de trabalho, falhas em consciência fonológica (consciência dos sons da fala, incia-se com 4 anos esse trabalho), trocas de letras na escrita, entre outras. Sempre digo, em minhas aulas para alunos de pós graduação, e nas capacitações que faço com educadores, que o professor é o maior diagnosticador que a criança possui. É o professor que passa grande parte do tempo com a criança, e este sim, sendo capacitado, poderá fazer os encaminhamentos necessários quando perceber qualquer dificuldade de seu aluno. O olhar do professor alfabetizador é o mais eficaz para iniciar a intervenção com essa criança. Com quatro anos uma criança já deve saber muitos dos pré-requisitos necessários para entrar no processo de alfabetização. Qualquer dúvida sobre os assuntos que abordei nesse post, entre em contato que terei o maior prazer em orientar!

Lembre-se! O Fonoaudiólogo é o profissional capacitado para intervir nas dificuldades apresentadas, sejam elas dúvidas ou patologias já instaladas. 





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Curso do Método das Boquinhas na cidade de Joaquim Távora-PR

Inscreva-se pelo site www.leandrafonoaudiologia.com

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Capacitação CURSO "Método das Boquinhas no Norte Pioneiro do PR (Tomazina)

Os educadores de TOMAZINA e região, localizada no Norte Pioneiro do Paraná serão capacitados com o Curso do Método das Boquinhas, Alfabetização e Oficinas com Treino de Boquinhas! O curso será no Colégio Dom Bosco aberto ao público. Vamos aproveitar essa oportunidade e fazer a diferença na educação brasileira. Venha conhecer a metodologia mais sensorial e objetiva, que facilita o processo de alfabetização de seu aluno ou paciente. O Método das Boquinhas é utilizado em sala de aula e muitos municípios já adotaram como metodologia principal. Ajuda no processo de alfabetização por ser concreto e também nas intervenções das dificuldades da linguagem escrita e leitura. Faça sua inscrição e ajude a combater com o fracasso escolar!!!

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Alfabetização: Uma questão de Método?



DESABAFO DO MINISTRO DE EDUCAÇÃO DA FRANÇA, JACQUES LANG
“Anos de experiência demonstraram o que é e o que não é eficaz em matéria de pedagogia. Sabemos, por exemplo, que o famoso método global no ensino da leitura teve conseqüências catastróficas. Mesmo se fosse um método usado raríssimamente, ninguém proibiu o seu uso. Os novos programas (de ensino da França) afastam definitivamente o seu uso."
– Jacques Lang, no prefácio dos Novos Programas de Ensino, 2002 
 O desabafo do ministro Jacques Lang contra “barbeiragens” profissionais


não é o único exemplo do tom emocional comumente associado à discussão de métodos de alfabetização. Em seções anteriores, já vimos como pessoas com sólida formação científica, como Smith, abandonaram os pressupostos de sua formação para aderir a suas crenças.  

No Brasil, é comum ouvir-se afirmações do tipo:


• O construtivismo é um enfoque, não é um método de alfabetização.
• Qualquer método de alfabetização é bom, tudo depende do professor.
• Os professores deveriam saber usar todos os métodos, utilizando-os de

acordo com as características dos alunos.

• Os professores deveriam desenvolver seus próprios materiais e decidir
sobre os métodos mais adequados.
• Métodos não são relevantes – para ensinar a ler, basta inundar a sala de
aula com textos autênticos, de preferência apresentados nos seus
portadores originais.
• Alfabetização é trivial, basta motivação para ensinar alguém a ler.
• Tudo se resolve se os professores voltarem a ter liberdade de fazer o que
sabem, sem a coerção de orientações oficiais ou a imposição de métodos ou
materiais.
• A alfabetização era mais eficaz quando se usavam as cartilhas (e alguns até
dirão, a palmatória...).

A presente seção discute evidências que colocam em questão esse tipo de afirmação. Mais importante, seu objetivo é demonstrar que a ciência da leitura contém importantes informações e prescrições que podem ajudar na formulação de políticas mais eficazes de alfabetização.


Tradicionalmente, os métodos eram classificados em analíticos e sintéticos.


Essa distinção se apoiava na ênfase e direção dada ao ensino. O enfoque tradicional da questão: métodos analíticos e sintéticos. A essência da alfabetização reside na decodificação do código alfabético.Daí que o fulcro de toda discussão sobre alfabetização é sempre polarizado na questão dos métodos – essencialmente, dos métodos para identificar as palavras.

 Os métodos analíticos seguem da parte para o todo, a parte podendo ser o fonema (nos
métodos fônicos), a letra (nos métodos alfabéticos), a sílaba, palavra etc. Os métodos sintéticos seguem do todo para as partes, o todo podendo ser um texto, parágrafo, sentença ou mesmo uma palavra-chave, como no caso do Método Paulo Freire. Em ambos os casos, a própria terminologia enfatiza a centralidade da decodificação em qualquer processo de alfabetização (Ministère de la Jeunesse, de l’Education et de la Recherche, 1998, p. 86).

A palavra método é usada de forma muito abrangente e pouco rigorosa, e a expressão método de alfabetização vem se tornando cada vez menos precisa, perdendo sua utilidade como instrumento de comunicação. Freqüentemente, o termo é associado a procedimentos, por exemplo, ao se falar de um método audiovisual. Quando se fala em Método Paulo Freire, freqüentemente apreocupação maior é com a dimensão política do que com o conceito de decodificar uma palavra-chave. Outras vezes, o método é associado ao nome do seu criador (Método Freinet, Montessori), ao título de uma cartilha ou a um
conjunto específico de materiais de um autor, editora ou rede de ensino. Os proponentes de abordagens conhecidas como construtivismo, no Brasil (Whole Language, em países de língua inglesa), não se associam a nenhum método e sequer dão importância ao tema – tendo em vista que sua abordagem do processo de ensinar a ler propõe o uso incidental do ensino da decodificação – o que é antitético com a idéia de método.

 Os PCNs, por exemplo, identificamse com o que se denomina de método ideovisual, definido adiante.
Apesar das dificuldades de separar métodos dos materiais usados para o ensino e das circunstâncias em que são aplicados, o uso de esquemas experimentais rigorosos vem permitindo avaliar a efetividade de diferentes métodos, seja em contextos experimentais de laboratório, seja em estudos de campo envolvendo inúmeros professores e salas de aula, conforme já documentado anteriormente. Diversas revisões da literatura, como, por exemplo, National Reading Panel ((2000), Snow et al (1998) utilizaram complexos modelos estatísticos para reavaliar os resultados acumulados em diferentes pesquisas. Essas revisões levaram a conclusões que serão discutidas adiante.


Métodos de ensino: uma abordagem contemporânea

Uma maneira produtiva de lidar com a questão de comparação de métodos consiste em determinar que componentes específicos dos vários métodos produzem determinados resultados. As conclusões desse tipo de estudo permitem inferir princípios e orientações que devem nortear a produção de materiais didáticos e o uso de diferentes métodos para alfabetizar.A publicação do Observatório Nacional de Leitura da França "Apprendre a Lire" (Ministère de la Jeunesse, de l`Education et de la Recherche, 1988) refere-se

a três concepções de alfabetização predominantes: alfabética, fônica e ideovisual.


A concepção alfabética (que seria o tradicional be-a-bá) leva os alunos a identificar letras, seus nomes, memorizar o alfabeto e combinar as letras para formar sílabas, normalmente de complexidade crescente, até que sejam capazes de formar palavras (para ler e escrever). Freqüentemente, quando começam a ler palavras, as crianças o fazem escandindo a leitura, utilizando o nome das letras para formar sílabas como o be + a = bá. Muitas cartilhas ainda existentes no Brasil são remanescentes dessa concepção – embora raramente mantenham o ensino exclusivamente centrado nesse tipo de atividade.

A concepção fônica propõe um ensino sistemático das relações entre as unidades gráficas do alfabeto (letras ou combinações de letras, como no caso dos dígrafos) e suas correspondentes unidades fonológicas (sons). Os sons – e não o nome das letras, como na concepção alfabética – são usados para fazer a síntese e propiciar a leitura. A análise e a síntese de fonemas são as duas estratégias mais eficazes para levar o aluno a ler (transformar letras em sons) e escrever (transformar sons em letras). Enfoques mais atualizados dessa concepção não requerem ou recomendam que o ensino das correspondências seja baseado exclusivamente em unidades sub-lexicais sem sentido.

A concepção ideovisual não se define como um método, mas como uma
filosofia. Essencialmente, ela pressupõe que a aprendizagem se dá pela identificação visual da palavra. O contexto é considerado essencial para ajudar os alunos a identificar a palavra a partir de sua forma visual. Diante de palavras encontradas em textos, os alunos fazem hipóteses a respeito da relação de sons,e letras. Na verdade, isso não ocorre sempre, apenas quando não é possível identificar a palavra pelo contexto ou por identificação direta. 

O termo “métodos mistos” é usado freqüentemente e com vários sentidos. Nem todas as combinações são igualmente eficazes ou recomendáveis. Combinar a adivinhação de palavras com estratégias de decodificação, por exemplo, pode ter resultados desastrosos. Ou usar indiscriminadamente o
nome com o som das letras para fazer síntese pode confundir mais do que ajudar o aluno a decodificar palavras. 
Revisões de trabalhos experimentais e empíricos incluindo mais de 38 estudos e 66 comparações específicas confirmam a superioridade dos métodos fônicos em relação aos demais (National Reading Panel, 2000). 
Em comum, esses métodos ou concepções enfatizam a decodificação grafofonológica como condição para que o aluno adquira fluência e autonomia na leitura. Instrução sistemática utilizando o princípio fônico contribuiu mais para o crescimento da capacidade de leitura do que instrução incidental ou falta de
instrução fônica. Estudos comparando diferentes tipos de programas baseados na concepção fônica evidenciam que as estratégias mais bem sucedidas incluem a síntese, que encoraja os alunos a converter letras em sons e juntá-los para formar palavras.
 Essas estratégias são mais eficazes do que as baseadas na síntese de unidades maiores do que o fonema (sílabas ou rimas, por exemplo), embora as diferenças estatísticas não sejam significativas. Os métodos baseados nessa concepção lograram melhores resultados em aplicações envolvendo indivíduos, pequenos grupos ou salas de aula. Com base nessas evidências, o referido relatório conclui que o ensino sistemático de fônica produz maior impacto no crescimento da leitura antes dos alunos adquirirem a competência para ler de forma autônoma.


Afirmar que qualquer método de alfabetização é igualmente aceitável, ou que basta o professor (ou um voluntário) estar motivado para poder alfabetizar equivale a desprezar o valor do conhecimento acumulado por meio de pesquisas científicas e a própria idéia da possibilidade de progresso em pedagogia.

Pressley (2001) analisou estudos que demonstravam que estratégias baseadas na concepção de “Whole Language” não lograram resultados eficazes para desenvolver habilidades de consciência fonêmica e reconhecimento de palavras (Stahl, McKenna & Pagnucco, 1994, Stahl e Miller, 1989), especialmente em crianças de baixo nível socioeconômico e de alto risco de fracasso escolar (Jeynes e Littel, 2000). A falta de eficácia dessas abordagens foi demonstrada em diversas variações de uso, incluindo enfoques naturais para ensinar a soletrar (Graham, 2000), desenvolvimento de habilidades de reconhecimento de palavras usando textos predizíveis (Johnston, 2000) e a aprendizagem incidental de palavras em textos para estimular a expansão do vocabulário (Swanborn e De Glopper, 1999). Esse fracasso contrasta com a facilidade com que as crianças são capazes de decodificar palavras por contra própria quando aprendem a decodificar letras e grupos de letras (Arbruster, Lehr e Osborn, 2001).

A decodificação, no entanto, não assegura, por si só, fluência e vocabulário suficientes para o aluno tornar-se um leitor independente capaz de ler textos mais interessantes, difíceis e variados. Daí a necessidade prática, durante o ensino da decodificação, de ensinar a ler algumas palavras mais comuns, especialmente conectivos, que poderão ajudar o aluno a ler textos mais complexos. Essas palavras são melhor ensinadas usando métodos de associação (reconhecimento da palavra mostrada), e não métodos de adivinhação das
palavras a partir do contexto do texto lido. Quando a criança tiver condições, também deverá ser capaz de decodificar essas palavras.





Método Fonovisuoarticulatório: Boquinhas

O Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas,utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra),as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta, sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. Parte das reflexões deste método foi proporcionada pelo contato com o“Programa de Mejoramiento de la Calidad y Equidad de la Educación” (MECE) –“Programa das 900 Escolas”, desenvolvido no Chile desde 1990, indicado pela UNESCO e estendido a outros países (Guttman, 1993). Sua fundamentação encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro (1986),Watson (1994), entre outros, cujas idéias são resumidas numa percepção holística frente à alfabetização, tendo a visão da linguagem, como ponto focal da aprendizagem.

O ponto departida do ser humano na aquisição de conhecimento reside na boca, que produz sons – fonemas, que são transformados em fala, meio de comunicação inerente ao ser humano. Para aquisição da leitura e escrita é necessário que os fonemas sejam decodificados/ codificados em letras (grafemas), como é feito no processo fônico, trabalhando diretamente nas habilidades de análise fonológicas (Dominguez, 1994) e consciência fonológica e fonêmica (Capovilla e Capovilla, 2002; Santos e Navas, 2002), fator primordial e sine qua non no processo de alfabetização (Cardoso-Martins et al.,2005). Esse processo, bastante abstrato, deve ser favorecido por meio de intervenção pedagógica, mas por vezes torna-se incompreensível e dificultoso para alguns aprendentes.
Assim, acrescentamos os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente(articulemas, ou boquinhas), baseados nos princípios da Fonologia Articulatória– FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986; 1990; Albano, 2001), favorecendo a compreensão do processo de decodificação, por mecanismos concretos e sinestésicos, isto é, com bases sensoriais. Desta forma, a aquisição da leitura e escrita passaria a ser acessível a quaisquer tipos de aprendentes, de maneira simples e segura, pois bastaria uma única ferramenta de trabalho – a boca.
Mas não se trata somente de um método cinestésico, em que a chave da aprendizagem resideno movimento, como descrito por Fernald (1943), que usa o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual, nem somente um método fônico como os descritos por Hegge, Kirk e Kirk (1936) como fono-grafo-vocal ou o ITA (Initial Teaching Alphabet) (Pittman, 1963), ou o VAK(visual-auditivo-cinestésico), apresentado por Gilingham e Stillman (1973), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial, principalmente para surdos.
Posto isso, e motivados por essas queixas, acrescentamos a este processo abstrato de produção de fonemas – o método fônico puro-, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas). Desta forma, focalizamos a aprendizagem em uma boca concreta que produz o som, que está inserido dentro de palavras significativas, que por sua vez, estarão imersas em frases e textos. Essa abordagem foi baseada nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986, 1990; Albano, 2001) como a unidade mínima de fala. Assim, o Método das Boquinhas é multissensorial, oralista, fônico e articulatório.  
Mas não se trata de cinestesia (com a letra c), que significa:o sentido domovimento de uma parte do corpo, como movimento dos dedos,ombros, joelhos, membros, ou de pesos (DeCS – Descritores em Ciências da Saúde,2010). Boquinhas fala de sinestesia (coma letra s), ou seja, a sensação e conscientização do movimento,que nos induz a compreensão de um processo no qual células receptoras sensoriais transduzem estímulos periféricos (físicos ou químicos) em impulsos nervosos que são, então, transmitidos para os vários centros sensoriais no sistema nervoso central.
Assim, adquirir essa consciência é muito mais profundo do que apenas observar o movimento que a boca faz ao articular os fonemas. É dar-se conta desse movimento, utilizando-o como ferramenta de aprendizado da leitura e escrita, ou seja, viabilizar o conversor grafema-fonema por meio de sua boca, que é o único instrumento de que necessita para alfabetizar-se. A experiência desse aprendizado nos tem mostrado se tratar de algo além do que apenas uma ferramenta de apoio para decodificação/codificação da leitura e escrita e sim como um forte apoio da autoestima como leitor/escritor, coautor de sua aprendizagem e crescimento como ser humano.
Com os conhecimentos das neurociências e neuroimagens atuais pode-se afirmar que a Metodologia Boquinhas sendo multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtex cerebral pré-frontal. Essa constatação baseia-se no fato de que a área de Broca, situada nessa região,responsável pela articulação das letras é fortemente ativada com o trabalho de Boquinhas, favorecendo de maneira rápida, concreta e eficaz a aquisição da leitura e escrita. Segundo as pesquisas, ao aprendermos a ler, e mesmo quando nos tornamos bons leitores, sempre executamos uma articulação dos fonemas,mesmo que de forma não explícita. Como consequência, podemos afirmar,seguramente, que Boquinhas traz benefícios à memória imediata (loop fonológico) e de longa duração (loop articulatório), à atenção e à cognição de um modo geral, melhorando as capacidades fonológicas dos usuários.Todos esses dados têm sido comprovados, até então, empiricamente, pelos excelentes resultados acadêmicos apresentados pelos indivíduos que se submetem à metodologia. (Dehaene, 2012; Germano 2008; Gindri et al., 2007; Mulas et al,2006; Pekkola et al., 2006; Badley, 2003).
A proposta do Método das Boquinhas aproximou-se da posição teórica rotulada por distintos autores como "construtivismo" (Bednar et al., 1993), Coll et al.(1990; 1993), Ferreiro (1986), enquanto define a aprendizagem como um processo ativo no qual o significado se desenvolve sobre a base da experiência - que aqui se apresenta como a consciência fonoarticulatória, uma ferramenta segura e concreta para o aprendizado da leitura e escrita -, e o aluno construiria uma representação interna do conhecimento e estaria aberto à troca, uma vez que todos aprenderiam pela mesma ferramenta, ou seja, a boca.
A partir dos passos iniciais da aquisição da leitura e escrita – fator indispensável à continuidade escolar e regulador de sucesso e manutenção da autoestima, o Método das Boquinhas estimula a criança a usar, lidar e pensar a língua escrita a partir da boca. Esse mecanismo a auxiliará, futuramente, a desenvolver um automonitoramento e outras destrezas metacognitivas importantes para construir textos significativos, interpretá-los, identificar a informação mais importante, sintetizar e gerar perguntas (Cooper, 1993). Mas essas aquisições só serão possíveis, a partir da alfabetização, que confere ao indivíduo igualdade e condições de adaptação ao seu meio.
Os primórdios desse trabalho foram publicados em artigos científicos e apresentados em Congressos de Fonoaudiologia e Psicopedagogia (Jardini e Vergara, 1997; Jardini e Souza,2002). Atualmente a obra Boquinhas conta com treze livros publicados, sendo osdois iniciais, Fundamentação Teórica (Jardini, 2003, 2010) e Caderno de Exercícios (Jardini, 2008, 2011), específico para sanar as trocas de letras emelhorar a qualidade da leitura; indicado para crianças e adultos já alfabetizados. Um livro de estudos clínicos, Passo a Passo (Jardini, 2004,2009), propõe reflexão, análise e tratamento de casos que apresentam dificuldades e distúrbios de leitura e escrita.

A proposta inicial dos livros Boquinhas na Educação Infantil (Jardini e Gomes, 2007) foi trabalhar com a aquisição da leitura e escrita, em estágios iniciais desse desenvolvimento, com crianças de 4 a 6 anos, propiciando um trabalho preventivo de aquisição da linguagem. Esse material foi reorganizado em Boquinhas no Desenvolvimento Infantil (2011, aluno e professor, 2012, substituindo os anteriores). É fundamental que o educador conheça de maneira simples e prática os sons da fala (fonemas) e suas respectivas Boquinhas (articulemas), bem como os processos de consciência fonológica, fonêmica, processamento auditivo e visual, coordenação visuomotora, orientação visuoespacial e desenvolvimento cognitivo,para que possa promover com segurança o início do aprendizado da leitura e escrita e, porventura, lidar de maneira pedagógica, com seus desequilíbrios.Essa abordagem tem contribuído de maneira significativa para que a saúde(incluindo fala, voz e linguagem geral) dos alunos e educadores se mantenha,sendo observado por melhorias na autoestima e qualidade de vida, evitando-se desta forma, o excesso de encaminhamentos às clínicas de aprendizagem, ou seja,a patologização do ensino (Collares e Moysés, 1992, 1993).
A proposta dos livros Alfabetização com Boquinhas (aluno e professor) (Jardini e Gomes,2008, 2011), oferece aos educadores condições de formalizar o processo de aquisição da leitura e escrita a partir de pressupostos da fala, tornando a alfabetização simples e possível em curto espaço de tempo. São abordados todos os aspectos da leitura, bem como produção e interpretação de textos. Nesses volumes, o educador encontrará atividades e exercícios para o trabalho pedagógico com qualquer tipo de crianças e adultos, visando à aquisição da leitura e escrita.
O livro A Magia das Boquinhas (Jardini e Guimarães, 2010), infantil, em dois volumes inicia o processo de alfabetização pelo olhar de uma criança, tendo suas páginas plastificadas para uso e reuso.
O livro O Dilema da Desatenção (Jardini e Callari, 2010) aborda a questão da atenção por um ponto de vista inovador, com muitos exercícios favorecedores do desenvolvimento e manutenção da atenção nas salas de aula e na vida. Indicado para todas as pessoas, portadoras, ou não, de TDAH.
O livro EJA: Alfabetizando e Letrando com Boquinhas (Jardini e Guimarães, 2012) é a primeira iniciativa de agregar a alfabetização dentro da proposta Boquinhas, porém em ambiente totalmente contextualizado. Com ênfase sócio-interacionista, propicia a alfabetização e reabilitação da leitura e escrita dos jovens e adultos, sendo indicado, inclusive, para as salas de aceleração.
A metodologia conta ainda com materiais de apoio, Jogos de Boquinhas (Jardini), contendo 13 jogos, e dois conjuntos de Banners, para utilização em salas de aula,consultórios e/ou domiciliar. Um desses jogos, o Lince de Boquinhas está em fase de validação como Protocolo Lince de Investigação Neuroliguística – PLIN(2012), a ser utilizado clinica e pedagogicamente, para detecção precoce dasalterações de aprendizagem.

Veja a pesquisa do Método e seus benefícios, acessando o link abaixo.

ALFABETIZAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DA LEITURA/ESCRITA POR METODOLOGIA FONO-VÍSUO-ARTICULATÓRIO

Renata SR Jardini e Patrícia T Souza- Pró-Fono R. Atual. Ci., 18 (1): 8-11, 2006






Fonte: www.metododasboquinhas.com.br
http://neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com.br/

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Método de Alfabetização tradicional



Alfabetização

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A alfabetização é vista como a construção de um conhecimento, construção de um conceito do que é ler e escrever, que tem suporte mão só na criatividade e no raciocínio lógico da criança, mas também nas suas relações sócio-afetivas . A alfabetização vista assim é a apropriação de um objeto conceitual que implica o estabelecimento de correspondência entre dois modos: o da representação oral e o da escrita. Nesta perspectiva, ler e escrever não é decifrar textos e copiar, e sim uma nova maneira de se expressar, de se comunicar com os outros e com o mundo.

bor5.gifMétodos de alfabetização

Método tradicional:
(...) ler é aprender a identificar letras, sílabas, palavras e frases para depois conseguir decifrar curtos e simples textos escolares específicos; ler, no período da alfabetização, consiste em codificar e decodificar letras e sons; o aluno só consegue ler depois de dominar a técnica da leitura e da escrita, quando, então, passa a ter contato com textos reais e com a linguagem utilizada cotidianamente; o alfabetizando precisa memorizar e fixar informações, das mais simples para as mais complexas, que se vão sobrepondo e acumulando na composição das palavras, que têm um fim em si mesmas. (SANTOS. ).

Segundo Santos, alfabetizar nessa perspectiva leva ao aluno a uma aprendizagem mecânica e a automação da escrita:

Ao alfabetizar o aluno com embasamento no método tradicional, valoriza-se o produto final do ato de ler e escrever, entendendo-o como decorrente da aquisição de habilidades como, aprender a técnica, desenvolver a coordenação motora, discriminação visual, o uso de lápis, do papel, etc., o que gera ênfase primordial na automação da escrita para, numa segunda etapa, voltar-se para a compreensão ou interpretação do texto, em detrimento ao processo de construção da língua escrita pelos alunos.
É caracterizado pela correspondência do som com a grafia e pela relação de correspondência entre as letras para a palavra (partes-todo). É caracterizado pela memorização do nome das letras (regras de sonorização e correspondência com a escrita).

A aprendizagem da leitura e escrita neste método é vista de forma mecânica; trata-se de adquirir uma técnica para decifrar o texto, porque se concebe a escrita como a transcrição gráfica da linguagem oral e ler equivale a decodificar o escrito em som.
Método sintético:

O método sintético ou fonético dá ênfase na análise auditiva para que os sons sejam separados e estabelecidos às correspondências grafema-fonema (letra-som). Desta forma o fonema é associado à sua representação gráfica, relacionando-os sinais gráficos. É caracterizado pela correspondência grafema-fonema (letra-som). A criança é estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente.
No método fônico é trabalhada a pronúncia correta para evitar confusões entre os fonemas. Deve-se ensinar um par de grafema-fonema de cada vez, sem passar para outro enquanto a associação não estiver bem memorizada.

Segundo Santos:

Com o método sintético, a criança é um aprendiz que vai juntando informações; que aprende uma família silábica após a outra se supondo que, em dado momento no decorrer desse caminho, tenha um insight e compreenda a relação entre todas essas sílabas, fazendo uma síntese a partir de uma determinada quantidade de informações.
Os métodos sintéticos subdividem-se em:

a) alfabético: o aluno aprende as letras isoladamente, liga as consoantes às vogais, formando sílabas; reúne as sílabas para formar as palavras e chega ao todo (texto);
b) fonético ou fônico: o aluno parte do som da letras, une o som da consoante ao
som da pronunciando a sílaba formada:
c) silábico: o aluno parte das sílabas para formar palavras.
Método analítico
No método analítico parte-se do reconhecimento global de palavras ou orações para posterior análise dos componentes. Propõe-se ainda a necessidade de começar com unidades significativas para a criança.

Segundo Kramer, apud in Soares (2005:16), os processos de leitura e escrita são vistos como:

Ler e escrever significa apreensão e compreensão de significados expressos em língua escrita (ler) ou expressão de significados por meio da língua escrita (escrever); nessa perspectiva a alfabetização seria um processo de compreeensão/ expressão dos significados, “um processo de representação que envolve substituições gradativas (“ler” um objeto, um gesto, uma figura ou desenho, uma palavra) em que o objetivo primordial é a apreensão e a compreensão do mundo , desde o que está mais próximo da criança ao que lhe está mais distante, visando à comunicação, à aquisição de conhecimento...à troca


Desta forma, a principal característica que diferencia o método sintético do analítico é o ponto de partida. Enquanto o primeiro parte do menor componente para o maior, o segundo parte de um dado maior para unidades menores.

Na analítica, o aluno aprende primeiro uma série de palavras e depois parte para a associação entre o som e as partes das palavras.
Os métodos analíticos subdividem-se em:

1. Palavração: este método parte da palavra. Existe aqui a preocupação de que vocábulos apresentados tenham seqüência tal, que englobam todos os sons da língua e as dificuldades sejam sistematizadas gradativamente. Depois da aquisição de determinado número de palavras, formam-se as frases;

2. Sentenciação: esse método parte da frase para depois dividi-la em palavras, de onde são extraídas os elementos mais simples: as sílabas;

3. Conto, estória (global): esse método é composto de várias unidades de leitura que apresentam começo, meio e fim. Em cada unidade, as frases estão ligadas pelo sentido para formar um enredo, havendo uma preocupação quanto ao conteúdo que deverá ser do interesse da criança.

Dominada a leitura, inicia-se a análise das palavras, tendo em vista a natureza do processo de ler, que é um processo analítico-sintético.


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Dicas de Alfabetização: As maiores dúvidas!


Estimular a leitura é o primeiro passo para incentivar a escrita


Inserir todas as crianças de seis anos em um ambiente alfabetizador foi um dos principais objetivos da aprovação do Ensino Fundamental de 9 anos, em fevereiro de 2006. A medida beneficiou crianças que não tinham acesso à Educação Infantil, ficando, muitas vezes, completamente distantes da cultura escrita - o que poderia representar um obstáculo para a sua experiência futura de alfabetização. 

Apesar de a medida ser um passo importante, Telma Weisz, criadora do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do Ministério da Educação, acredita que ainda há muito a aprimorar na questão da alfabetização, sobretudo porque a tarefa não é apenas dos professores das séries iniciais. "Estamos sempre nos alfabetizando, a cada novo tipo de texto com o qual entramos em contato durante a vida", afirma. 

Por essa razão, tratar leitura e escrita como conteúdo central em todos os estágios é a maior garantia de sucesso que as escolas podem ter para inserir os estudantes na sociedade. É o que fazem muitas professoras de 1ª a 4ª série de Catas Altas (MG), capacitadas pelo Programa Escola que Vale. Mesmo recebendo crianças que não nunca tiveram contato com o chamado mundo letrado antes da 1ª série, os educadores conseguem alfabetizar ao final de um ano. 

"Um fator determinante para a alfabetização é a crença do professor de que o aluno pode aprender, independentemente de sua condição social", diz Antônio Augusto Gomes Batista, diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. Esse olhar do docente abre as portas do mundo da escrita para os que vêm de ambientes que não ofereceram essa bagagem. 

No município de São José dos Campos (SP), professores de Educação Infantil tentam evitar essa defasagem, lendo diariamente para os pequenos. Assim, por meio de brincadeiras, criam situações das quais a língua escrita faz parte. Já em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, duas especialistas de Língua Portuguesa e Ciências tiveram de correr atrás do prejuízo com turmas de 5ª série que ainda apresentavam problemas de escrita. Para isso, aliaram muita leitura a um trabalho sobre prevenção à aids, que fazia sentido para eles e tinha uma função social. 

Com base nessas experiências, relatadas a seguir, e na opinião de especialistas, respondemos a nove questões sobre alfabetização, mostrando ser possível formar leitores e escritores competentes em qualquer estágio do desenvolvimento. 


1 - Meus alunos do 1º ano não tem contato com a escrita, por onde começo?
O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente para a turma. "A criança lê pelos olhos do professor - porque ainda não pode fazer isso sozinha -, mas vai se familiarizando com a linguagem escrita", explica a educadora Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.

2 - Quando posso pedir que as crianças escrevam?
Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as crianças ditam e você, professor, escreve num papel grande. Além de pensar na forma do texto, nessa hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos da esquerda para a direita. "Mostro que a escrita requer um tempo de reflexão antes de ser colocada no papel", afirma Cleonice Maria Rodrigues Magalhães, professora de 1ª série da Escola Municipal Agnes Pereira Machado, em Catas Altas (MG). Ela participou do Programa Escola que Vale, que capacitou professores de 1ª a 4ª série do município durante dois anos e meio. Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história", afirma Rosana Scarpel da Silva, professora do Infantil IV (6 anos), da Escola Municipal de Educação Infantil Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos. Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.

3 - Como faço todos avançarem se os níveis de conhecimento são muito diferentes?
Não há nada melhor em uma turma que a heterogeneidade. Como os níveis de conhecimento são variados, existe aí uma grande riqueza para ser trabalhada em sala. Organizar os alunos em grupos e duplas durante as atividades é fundamental para que eles troquem conhecimentos. Mas essa mistura deve ser feita com critérios. É preciso agrupar crianças que estejam em fases de alfabetização próximas. Quando você coloca uma que usa muitas letras para escrever cada palavra trabalhando com outra que usa uma letra para cada sílaba, a discussão pode ser produtiva. Como elas não sabem quem está com a razão, ambas terão de ouvir o colega, pensar a respeito, reelaborar seu pensamento e argumentar. Assim, as duas aprendem. Isso não ocorre, no entanto, se os dois estiverem em níveis muito diferentes. Nesse caso, é provável que o mais adiantado perca a paciência e queira fazer o serviço pelo outro.

4 - Posso alfabetizar na Educação Infantil?
Sim, desde que a aprendizagem não seja uma tortura. Participar de aulas que despertem a curiosidade e envolvam brincadeiras e desafios nunca será algo cansativo. Em turmas que têm acesso à cultura escrita, a alfabetização ocorre mais facilmente. Por observar os adultos, ouvir historinhas contadas pelos pais e brincar de ler e escrever, algumas crianças chegam à Educação Infantil em fases avançadas. Por isso, oferecer acesso ao mundo escrito desde cedo é uma forma de amenizar as diferenças sociais e econômicas que abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de crianças ricas e pobres. Dentro dessa concepção, a rede municipal de São José dos Campos implementou horas de trabalho coletivo para a formação continuada dos professores. Há um coordenador pedagógico por escola e uma equipe técnica responsável pelo acompanhamento dos coordenadores. As crianças de 3 a 6 anos atendidas pela rede aprendem, brincando, a usar socialmente a escrita. Em sala, os professores lêem diariamente e promovem brincadeiras. Os pequenos identificam com seu nome pastas e materiais, usam crachás, produzem textos coletivos que ficam expostos nas paredes e têm sempre à mão livros e brinquedos. "Nossas atividades incentivam a pensar sobre a escrita, tornando-a um objeto curioso a ser explorado. E tudo de forma dinâmica, porque a dispersão é rápida", conta Clarice Medeiros, professora do Infantil III (5 anos) da escola Maria Alice Pasquarelli. "No ano passado, quando recebi os alunos de 3 anos, eles já sabiam diversos poemas e conheciam Vinicius de Moraes. Também identificavam as diferenças entre alguns gêneros textuais", lembra Liliane Donata Pereira Rothenberger, professora do Infantil II (4 anos). De acordo com a orientadora pedagógica Helena Cristina Cruz Ruiz, o objetivo é desenvolver o comportamento leitor desde cedo para que os alunos se comuniquem bem, produzam conhecimentos e acessem informações.

5 - Faz sentido oferecer textos para estudantes não-alfabetizados?
Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.

6 - Como seleciono e uso os textos em sala?
Segundo Patrícia Diaz, do Cedac, é preciso ter critérios e objetivos bem estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar diversificar os gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as características de cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos gêneros ao longo do ano, mas que o professor trace um plano de trabalho para se aprofundar em um ou dois", afirma. Patrícia sugere a narração como base para o trabalho na alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a estrutura da linguagem e do encadeamento de idéias. A escolha dos textos deve ser feita de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria dos alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por exemplo, é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim, as crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas, percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é fundamental trabalhar com os originais ou fotocópias", ressalta Patrícia. Adaptar os textos também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras originais, uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu caminho. Se um texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o melhor é procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.

7 - Ao fim do 1º ano todos devem estar alfabetizados?
Não necessariamente, apesar de ser recomendável. Se a criança foi exposta a textos e leituras variadas e teve oportunidade de refletir sobre a língua e produzir textos, é bem provável que ela termine essa série alfabetizada. Mas isso depende de outros fatores, como ter cursado a Educação Infantil e recebido apoio dos pais em casa. "Crianças que não têm esse contato com textos e que não convivem com leitores podem precisar de mais tempo para aprender o sistema de escrita. Mas minha experiência mostra que nenhuma criança leva mais de dois anos para isso", diz a educadora Telma Weisz, de São Paulo. Como na educação não existem fôrmas em que se encaixem as crianças, é papel da escola oferecer condições para que elas se desenvolvam, sempre respeitando o ritmo de cada uma. Quando se adota o sistema de ciclos, isso ocorre naturalmente, pois os alunos têm possibilidade de se aperfeiçoar no ano seguinte. Quando não há essa chance, eles correm o risco de engrossar os índices de reprovação. O aluno pode iniciar a 2ª série ainda tendo que melhorar a sua compreensão sobre o sistema de escrita, mas ao fim do segundo ano a escola teve tempo suficiente para ensinar a todos.

8 - Preciso ensinar o nome das letras?
Sim. Como a criança poderá falar sobre o que está estudando sem saber o nome das letras? Ter esse conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra deve iniciar uma palavra, por exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome das letras durante conversas corriqueiras. Se a criança está mostrando a que quer usar e não sabe o nome, basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se de algo que se aprende naturalmente e de forma rápida, sem precisar de atividades de decoreba que cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.

9 - Como ajudo alunos de 5º ano que não lêem nem escrevem bem ?
É angustiante para o professor receber crianças com problemas de alfabetização. Por não conhecer o assunto, acredita que a escrita incorreta é indício de que elas não se alfabetizaram. Mas nem sempre essa avaliação é verdadeira. O mais comum é a criança já dominar a base alfabética, mas ter sérios problemas de ortografia e interpretação. Daí a impressão de que ela não sabe ler e escrever. Foi essa experiência por que passaram as professoras Valéria de Araújo Pereira, de Língua Portuguesa, e Jaidê Canuto de Sousa, de Ciências, ambas da Escola Estadual Maria Catharina Comino, em Taboão da Serra (SP). Em 2005, elas lecionavam para uma turma de 5ª série de recuperação de ciclos com muitos problemas de escrita, o que as motivou a procurar a Diretoria de Ensino para participar do programa Letra e Vida, oferecido pela rede paulista a professores de 1ª a 4ª série. "Fiquei surpresa com a insistência das duas. Como havia vagas, abrimos uma exceção e valeu a pena", diz Silvia Batista de Freitas, coordenadora-geral do programa na Diretoria de Ensino da cidade. O curso iniciou em março. No segundo semestre, a turma de alunos foi distribuída nas salas regulares. Com o objetivo de trabalhar a escrita, Valéria e Jaidê elaboraram um projeto sobre aids. Os alunos assistiram a vídeos, debateram e levantaram o que sabiam e o que gostariam de saber sobre o assunto. As leituras foram sistemáticas e diárias, com pesquisas em livros, revistas, enciclopédias, internet e panfletos informativos - gênero escolhido para ser o produto final do projeto. "Leitura e escrita não são apenas conteúdos de Língua Portuguesa. São práticas necessárias em todas as disciplinas e em todas as séries", diz Jaidê. "Por isso, temos a responsabilidade de conhecer o modo como os alunos aprendem e assim estimulá-los a ser leitores e escritores mais competentes", conclui Valéria.


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