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Doença de Alzheimer e tratamento fisioterápico

Entre as doenças que afetam o cérebro, o mal de Alzheimer é uma das mais cruéis. Ela se instala lentamente e mina a capacidade do indivíduo de se relacionar com o mundo exterior e consigo mesmo.
A doença de Alzheimer é uma doença neuropsiquiátrica progressiva do envelhecimento encontradas em adultos de meia-idade e, particularmente, em mais velhos, que afeta a substância cerebral e é caracterizada pela perda inexorável da função cognitiva, bem como distúrbios afetivos e comportamentais. A principal causa de demência em adultos com mais de 60 anos, o mal de Alzheimer, é responsável por alterações de comportamento, de memória e de pensamento (1)
A doença se caracteriza pela morte gradual de neurônios, as células nervosas do cérebro. As causas desse desastre são pouco conhecidas. Sabe-se que ele está relacionada a um acúmulo de duas proteínas, a beta-amilóide (2).
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer caracteriza-se pela atrofia do córtex cerebral. O processo geralmente é difuso, mas pode ser mais grave nos lobos frontal, parietal e temporal. O grau de atrofia varia(3).
O envelhecimento normal do cérebro também se acompanha de atrofia, há uma superposição no grau de atrofia do cérebro de pacientes idosos com Alzheimer e pessoas da mesma idade afetadas pela doença. Ao exame microscópio, há perda tanto de neurônio como de neurópilo no córtex e, ocasionalmente, se observa uma desmielinização secundária na substância branca subcortical. Com o uso da morfometria quantitativa, a maior perda é a de grandes neurônios corticais (4).
Os achados mais característicos são placas senis e emaranhadas neurofibrilares argentofílicos. A placa senil é encontrada em todo o córtex e hipocampo e o número de placas por campo microscópio correlaciona-se com o grau de perda intelectual. Emaranhados neurofibrilares são estruturas fibrilares intracitoplasmáticas neuronais (5).
A degeneração e a perda neuronal são gerais, embora especialmente acentuadas nas células piramidais do hipocampo e células piramidais grandes no córtex associativo. A degeneração aparece cedo no núcleo basal de Meynert e mais tarde nos lócus coeruleos. A patologia inclui a presença de desarranjos neurofibrilares, placas neuríticas e degeneração granulovacuolar. Os desarranjos são massas intraneurofibrilares de filamentos citoplásticos (4).
Epidemiologia
Nos EUA, a prevalência da doença de Alzheimer em pessoas de 65 anos de idade ou mais é estimada como sendo de 10,3 %, elevando-se para 47 % naquelas acima de 80 anos. Até 2,6 % das pessoas acima dos 65 anos vem apresentar a Doença de Alzheimer anualmente. A freqüência varia pouco por sexo ou grupo étnico(1).
Etiologia
Embora a causa da Doença de Alzheimer não tenha sido estabelecida, há fortes suspeitas de uma base genética. A concordância para Doença de Alzheimer em gêmeos homozigóticos é maior que em gêmeos dizigóticos (3).
Agentes infecciosos e contaminantes ambientais, incluindo vírus lentos e metais (por exemplo o alumínio) são fatores etiológicos suspeitos. Os papéis destes fatores ainda não foram comprovados; no entanto, estes fatores ambientais estão sendo submetidos à investigação ativa. O envelhecimento normal está associado com decréscimo de alguns neurotransmissores, bem como com alguns dos achados neuropatológicos da doença. Portanto, surgiu a questão sobre se a doença seria devido a uma aceleração das alterações normais do envelhecimento (3)
As lesões crânio encefálicas, baixos níveis de instrução e síndrome de Down em um parente em primeiro grau também se associa a maior risco de doença de Alzheimer (3).
O quadro clínico da DA caracteriza-se por um declínio insidioso, progressivo da memória e de outras funções corticais como linguagem, conceito, julgamento, habilidades visuo-espaciais. Progressivamente instalam-se alterações intelectuais e de esfera afetiva, mas sobressaem os distúrbios de funções simbólicas: apraxias, agnosias (perda da capacidade de interpretar o que vê, ouve ou sente) e afasias. Pode ocorrer manifestação psicótica, como delírios e crises convulsivas (6). Apresentam geralmente delírios de infidelidade conjugal e roubos. Esses pacientes podem vagar, marchar, abrir e fechar gavetas rapidamente, bem como fazer as mesmas perguntas várias vezes. Anormalidades do ciclo sono-vigília podem tornar-se evidentes, como ficar acordado durante a noite, por pensar que ainda é dia claro (3). Alguns pacientes desenvolvem uma marcha arrastada, com rigidez muscular generalizada associada à lentidão e inadequação do movimento. Possuem com freqüência um aspecto parkinsoniano, mas raramente tem tremor em repouso rápido e rítmico. Podem evidenciar reflexos tendíneos hiperativos e reflexos de sucção e muxoxo. Abalos mioclônicos (contrações bruscas breves de vários músculos ou de todo o corpo) podem ocorrer espontaneamente ou em respostas a estímulos físicos ou auditivos (2)
As perdas cognitivas aumentam e o indivíduo evolui até ficar totalmente dependente de outros para a execução de suas atividades mais básicas. Em estágios mais avançados passa a não se alimentar, engasgar-se com a comida e saliva, o vocabulário fica restrito a poucas palavras, perde a capacidade de sorrir, sustentar a cabeça, fica acamado e a morte sobrevém em conseqüência de complicações como pneumonia, desidratação ou sepse (6).
A demência senil do tipo Alzheimer pode ainda ser subdividida de acordo com o estágio clínico, mas existe grande variabilidade e a evolução dos estágios freqüentemente não é tão ordenada como se poderia deduzir da descrição que vem  seguir:

Estágio Inicial: perda da memória recente, incapacidade de aprender e reter informações novas, problemas de linguagem, labilidade de humor e, possivelmente, alterações de personalidade. Os pacientes podem apresentar dificuldade progressiva para desempenhar as atividades de vida diária. Irritabilidade, hostilidade e agitação podem ocorrer como resposta à perda de controle e de memória. O estágio inicial, no entanto, pode não comprometer a sociabilidade (7).
Estágio Intermediário: completamente incapaz de aprender e lembrar de informações novas. Os pacientes se perdem constantemente, freqüentemente a ponto de conseguirem encontrar o seu próprio quarto ou banheiro. Embora continuem a deambular, estão em risco significativo de quedas ou acidentes secundários à confusão. O paciente pode precisar de assistência nas AVDs. A desorganização comportamental ocorre na forma de perambulação, agitação, hostilidade, falta de cooperação ou agressividade física. Neste estágio, o paciente já perdeu todo o senso de tempo e lugar (7)
Estágio grave ou terminal: incapaz de andar, totalmente incontinente e incapaz de desempenhar qualquer AVD. Podem ser incapazes de deglutir e podem necessitar de alimentação por sonda nasogastrica. Estão em risco de pneumonia, desnutrição e necrose da pele por pressão (7).
A evolução da doença é gradual, e não rápida ou fulminante; existe um declínio constante, embora os sintomas em alguns pacientes pareçam se estabilizar durante algum tempo. Não ocorrem sinais motores ou outros sinais neurológicos focais ate tardiamente na doença (1). A duração típica da doença é de 8 a 10 anos, mas a evolução varia de 1 a 25 anos. Por motivos desconhecidos, alguns pacientes com Alzheimer evidenciam um declínio gradual e lento da função, enquanto outros têm platôs prolongados sem deterioração importante (2). O estágio final da doença de Alzheimer é coma e morte. (1) 
Dentre as principais características estão (7):
Perda de memória: pode ter conseqüência na vida diária, de muitas maneiras, conduzindo a problemas de comunicação, riscos de segurança e problemas de comportamento.
Memória episódica: é a memória que as pessoas têm de episódios da sua vida, passando do mais mundano ao mais pessoalmente significativo.
Memória semântica: esta categoria abrange a memória do significado das palavras, como por exemplo, uma flor ou um cão.
Memória de procedimento: esta é a memória de como conduzir os nossos atos quer física como mentalmente, por exemplo, como usar uma faca e um garfo, ou jogar xadrez.
Apraxia: é o termo usado para descreve a incapacidade para efetuar movimentos voluntários e propositados, apesar do fato da força muscular, da sensibilidade e da coordenação estarem intactas. 
Afasia: é o termo utilizado para descrever a dificuldade ou perda de capacidade para falar, ou compreender a linguagem falada, escrita ou gestual, em resultado de uma lesão do respectivo centro nervoso.
Agnosia: é o termo utilizado para descrever a perda de capacidade para reconhecer o que são os objetos, e para que servem.
Comunicação: As pessoas com doença de Alzheimer tem dificuldades na emissão e na compreensão da linguagem, o que, por sua vez, leva a outros problemas.
Mudança de personalidade: uma pessoa que tenha sido sempre calma, educada e afável pode comportar-se de uma forma agressiva e doentia. São comuns as mudanças bruscas e freqüentes de humor.
Mudanças físicas: a perda de peso pode ocorrer, redução de massa muscular, escaras de decúbito, infecções, pneumonia.
A evolução é progressiva, inevitavelmente em incapacidade completa e morte. Ás vezes há estabilizações, durante as quais o distúrbio cognitivo permanece inalterado por um ou dois anos, mas depois a progressão é retomada. A duração é geralmente entre 4 a 10 anos, com extremos de menos de 1 ano e a mais de 20 anos (8).
Tratamento
Por enquanto, não existe tratamento preventivo ou curativo para a doença de Alzheimer. Existe uma série de medicamentos que ajudam a aliviar alguns sintomas, tais como agitação, ansiedade, depressão, confusão e insônia. Infelizmente, estes medicamentos são apenas eficazes para um número limitado de doentes, apenas por um breve período de tempo e podem causar efeitos secundários indesejados. Por isso, aconselha-se geralmente a evitar a medicação, a menos que seja realmente necessária (7).
Descobriu-se que os doentes que têm a doença de Alzheimer têm níveis reduzidos de acetilcolina, um neurotransmissor (substância química responsável pela transmissão de mensagens de uma célula para outra) que intervém nos processos da memória (9).
Foram introduzidos, em alguns países, determinados medicamentos que inibem a enzima responsável pela destruição da acetilcolina. (4).
Os resultados no tratamento da doença são difíceis e frustrantes, pois não há medidas específicas e a ênfase primária é o alívio em longo prazo dos problemas comportamentais e neurológicos associados (2)
O tratamento é multimodal, desenvolvido e modificado com a progressão da doença, podendo ser obtido através da intervenção farmacológica (visando à fisiopatologia e sintomas da doença como ilusões e distúrbios do sono) e da intervenção comportamentais (melhora sintomas específicos bem como as AVDs). Atualmente os agentes farmacológicos empregados no tratamento visam inibir a acetilcolinesterase para aumentar os níveis de acetilcolina diminuídos no cérebro dos pacientes com Alzheimer. Os inibidores utilizados atualmente (utilizados apenas em doenças com déficit colinérgico como Alzheimer) são: Tacrina (melhora apatia e ansiedade), Donepezil (1).
Fisioterapia
Designa a habilitar o indivíduo comprometido funcionalmente, a novamente desempenhar suas AVDs, da melhor maneira e pelo menor tempo possível, com mais autonomia. Os principais aspectos da assistência são preventivos, elaborados para manter o indivíduo mais ativo e independente possível. No maior grau que for possível, a atividade deve ser encorajada para manter a força, ADM e estado de alerta (9).
Promover somente a ajuda que é absolutamente necessária, com os pacientes continuando a realizar sozinhos máximo de AVDs possível; o paciente precisa ser capaz de lembrar o comando, identificar o objeto (exemplo, escova de dente), e realizar a ação motora (8).
O processo de reabilitação também inclui a realização de modificações ambientais necessárias para segurança do paciente e de modo que esse possa viver em um ambiente o mais aberto possível (8). Quedas podem ser devido a riscos ambientais o mais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, tapetes soltos, etc). Tais riscos devem ser evitados. Os ambientes devem manter um apresentação familiar (não mudar a disposição da mobília desnecessariamente) e barras presas na parede e corrimãos devem ser instalados nos locais necessários (10)
As técnicas de fisioterapia serão as mesmas que usamos nas pessoas de terceira idade que não apresentam demência, mas a maneira de aborda-las exige habilidade especial. O paciente pode não aparecer interessado em saber como a falta de flexibilidade articular, a fraqueza muscular ou o edema poderão afeta-lo; não tem condições de entender a relação que existe. O preparo antecipado dos planos de terapêutica  impede que o fisioterapeuta pareça indeciso. O preparo de explicações claras e simples darão melhores resultados. A instrução deverá ser repetida da mesma forma; o emprego das palavras diferentes poderá confundir o paciente. Não é aconselhável entrar em conversas desnecessárias, pois podem desnorteá-lo mais ainda.Lançar mãos de gestos e sinais físicos para esclarecer e reforçar as instruções exigentes (9)
São comuns as alterações de sensibilidade, por isso evitar atração, a eletroterapia e os equipamentos que exigem colaboração de participação subjetiva. O calor somente deve ser usado naqueles capazes de reconhecer e dizer quanto é demasiado quente (9)
O estabelecimento de metas realizáveis no tocante à mobilidade é muito útil. Mesmo as realizações mais modestas merecem ser recompensadas por parabéns e pelo interesse que o fisioterapeuta demonstra pela pessoa (9).
A meta de reabilitação precisa ser redefinida para assegurar que o paciente permaneça seguro, independente, e capaz de realizar atividades da vida diária e atividades instrumentais da vida pelo máximo de tempo que for razoável (8).
O processo de reabilitação pode começar enquanto o trabalho de diagnóstico está ainda sendo feito. Isso pode tornar a forma de treinamento básico em atividades da vida diária. Isso inclui o treinamento de atendentes para a assistência de paciente e a reabilitação de modificações ambientais necessárias para a segurança da pessoa confusa de modo que essa possa viver em um ambiente o mais aberto possível. Uma vez o diagnóstico tenha sido estabelecido, pode ser feito o planejamento cuidadoso para a assistência.
Nos estágios iniciais e médios da doença, a intervenção fisioterápica geralmente pode prolongar a habilidade de movimentar-se com facilidade (10).
É importante observar que inicialmente a intervenção fisioterápica pode ser potencialmente envolvida com a facilitação do planejamento motor e planejamento para compensação de perdas nas atividades de vida diária. A habilidade para andar é perdida mais tarde, e outros estudos relatam níveis comparáveis de comprometimento (7).
A intervenção fisioterápica para assistir o paciente e treinar os atendentes envolve a facilitação dos movimentos e planejamentos motor e o desenvolvimento ou refinamento de pistas ambientais e cognitivas para ajudar a realizar tarefas complexas (10).
O comprometimento cognitivo é o fator limitante. A análise ajuda o atendente a prover somente a ajuda que é absolutamente necessária, com os pacientes continuando a realizar sozinhos o máximo de AVDS possível; por exemplo, para escovar os dentes, o paciente precisa ser capaz de lembrar o comando, identificar a escova de dentes, e realizar a ação motora. O paciente pode somente precisar de ajuda de alguém que coloque a escova em sua mão e a guie lentamente para a boca para que seja capaz de escovar os dentes (7).
A primeira meta da reabilitação é criar um ambiente (emocional e físico) que dê suporte (trabalhar ativamente para compensar as perdas cognitivas específicas dos pacientes na medida em que forem ocorrendo gradualmente). A meta final é ajudar os pacientes a sentirem que eles são capazes, de modo que continuem a tentar fazer por si próprios as coisas que possam fazer com segurança, independentemente de permanecerem em sua casa ou estarem vivendo em uma instituição (9).
Em cada sessão os movimentos precisam ser equilibrados com períodos adequados de repouso para assegurar que o paciente não atingirá o ponto de fadiga e exaustão. São preferíveis freqüentes e breves períodos de atividade física (10).
O fisioterapeuta pode contribuir muito com a melhora da qualidade de vida do paciente e da família (7).
Objetivos da reabilitação fisioterápica (7,8,9):
- Diminuir a progressão e efeitos dos sintomas da doença,
- Evitar ou diminuir complicações e deformidades,
- Manter as capacidades funcionais do paciente (sistema cardiorrespiratório),
- Manter ou devolver a ADM funcional das articulações,
- Evitar contraturas e encurtamento musculares (imobilização no leito),
- Evitar a atrofia por desuso e fraqueza muscular,
- Incentivar e promover o funcionamento motor e mobilidade,
- Orientação sobre as posturas corretas,
- Treino do padrão da marcha,
- Trabalhar os padrões do funcionamento sistema respiratório (fala, respiração, expansão e mobilidade torácica),
- Manter ou recuperar a independência funcional nas atividades de vida diária.
Consiste basicamente na fisioterapia motora, que engloba desde exercícios ativos, passivos, auto-assistidos, contra-resistência, isométricos, metabólicos, isotônicos, ou seja, qualquer tipo de movimento é bem vindo no tratamento. Quando chega a uma segunda fase esta patologia, deve-se estimular atividades para que o paciente não fique o tempo inteiro na cama, evitando assim escaras de decúbito, comumente relatadas. Alongamentos e atividades de relaxamento podem ser realizados (10).
Outras modalidades de tratamento são eficazes, como a parte de exercícios para o condicionamento aeróbico, como estimular o paciente a realizar caminhadas, tanto por percursos diferentes, ou dependendo pelo mesmo percurso, estimulando assim concomitantemente a memória do paciente. Bicicletas estacionárias também são de grande valia, assim como se possíveis trabalhos de hidroterapia (9).
Exercícios para propriocepção e equilíbrio são fundamentais para a desenvoltura do paciente, como exercícios com bastões, bola, descarga de peso gradual, andadores, percursos (10).
Pode realizar atividades em que se estimule o raciocínio do paciente, como atividades de escrever, decorar palavras, nomear objetos, que levam a um estímulo da memória (7).
Porém a principal atitude a ser tomada é a companhia que este paciente precisa, nunca deixa-lo no abandono, por isso a conversa com familiares sobre o assunto é importante, para que assim este paciente possa conviver normalmente num meio familiar, eliminando o risco de passar o resto de sua vida num asilo (6).
Conclusão
Existe uma busca de uma melhor qualidade de vida para os pacientes e dos vários tipos de tratamento para a doença de Alzheimer, com o objetivo de amenizar os sintomas. Porém enquanto não for descoberta a etiologia dessa patologia, torna-se difícil chegar á cura dessa doença.
A fisioterapia busca melhoria na qualidade de vida do paciente, sendo que o paciente com Alzheimer necessita de uma reabilitação global, envolvendo uma equipe multidisciplinar, e que a fisioterapia tem um papel fundamental tanto na reabilitação motora quanto no retorno as relações interpessoais e na obtenção de independência por parte do paciente.

Fonte - http://fisioterapiaportoalegre.wordpress.com/area-de-atuacao/fisioterapia-neurofuncional/doenca-de-alzheimer-e-tratamento-fisioterapico/
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Memória nos Idosos - Entrevista com Dr. Drauzio Varella


A população de homens e mulheres acima dos 60 anos aumentou muito nas últimas décadas. Alguns ultrapassam os 80, 90 anos em condições clínicas satisfatórias, mas são raros os que não apresentam dificuldades com a memória. Em geral, as recordações do passado permanecem vivas, recheadas de pormenores, mas a memória falha, quando querem lembrar de acontecimentos recentes. Isso desconcerta um pouco os familiares. “Meu avô conta, com minúcias, histórias que ocorreram quando tinha cinco anos e morava no interior e se esquece do número do telefone de casa ou o que comeu no almoço”, fala o neto preocupado.
A pergunta que se impõe é, se a partir dos 40, 50 anos a capacidade de armazenar informações começa a sofrer um processo lento e gradativo de deterioração, ou se, no mundo moderno, a quantidade absurda de informações com que somos bombardeados dificulte sua assimilação. De qualquer modo, a perda da memória não pode ser considerada como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Quanto mais precoce forem diagnóstico e a prescrição do tratamento, mais fácil será deter a evolução da perda da memória.
SÍNDROME DEMENCIAL
Drauzio – A partir dos 40, 50 anos, perdemos um pouco a capacidade de reter os fatos na memória ou, hoje, a quantidade de informações é tão grande que é impossível lembrar todas elas?
Alberto Macedo Soares –Essa é uma dúvida a ser esclarecida. Não se pode negar que, hoje, além do acúmulo enorme de informações,  o grau de preocupação é tanto que o trabalho não se encerra com o término do expediente. Muitas vezes, a pessoa  de 40, 50 anos entra em casa, liga o computador e continua em atividade,  comprometendo as horas que deveriam ser reservadas para descansar e dormir. Essas situações são responsáveis por aumento da carga de estresse e pelo déficit de atenção, que podem provocar prejuízo da memória, principalmente da memória recente.
No entanto, não podemos interpretar a perda da memória como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Existem pessoas com 85, 90 anos com memória absolutamente íntegra, enquanto outras apresentam alterações muito mais jovens. Cabe-nos, então, investigar o que antigamente se chamava de esquecimento benigno e distingui-lo do esquecimento que é maligno, pois o déficit de memória associado à idade, que não é doença, é diferente da perda de memória que caracteriza a síndrome demencial, uma doença que prejudica o indivíduo a tal ponto que ele não consegue mais manter as funções social, pessoal e profissional.
Drauzio – Como se traça essa linha divisória?
Alberto Macedo Soares – Essa é a grande dificuldade. O envelhecimento pode, sim, trazer um pequeno déficit de atenção, de concentração, de armazenamento de dados atuais, mas em absoluto isso compromete as funções sociais do indivíduo. A partir do momento, porém, que ele passa a cometer deslizes no trabalho, não se lembra do nome do neto que vê todos os domingos, nem de tarefas corriqueiras como pagar uma conta, o esquecimento deixa de estar associado à idade e passa a ser encarado como sintoma de síndrome demencial. Embora esse termo pareça pesado demais e pejorativo no Brasil, esse é o nome que se usa em todo o mundo.
Drauzio – Parece certo que a perda de memória associada à idade frequentemente se refere à memória precoce. As memórias tardias ficam bem arquivadas e custam a desaparecer.
Alberto Macedo Soares – Tanto no prejuízo da memória associado à idade quanto na síndrome demencial, o déficit manifesta-se inicialmente para os fatos recentes. As pessoas vão se esquecendo dos recados, do número do telefone, do nome do vizinho. Quando o processo se agrava é um sinal de alerta.
Autores apontam que prejuízo da memória atribuído à idade, de 20% a 30% dos casos, pode ser manifestação inicial de uma doença mais séria. Por isso, a atenção deve ser redobrada e o paciente submetido a exames para identificar se realmente a perda da memória está associada à idade ou é o começo de uma doença que vai degenerar-se na síndrome demencial e exige tratamento precoce.
DIAGNÓSTICO
Drauzio – O que a família deve observar para distinguir um simples esquecimento ou distração de um quadro mais sério de perda da memória?
Alberto Macedo Soares – O problema deve chamar mais atenção quando os esquecimentos ficam frequentes. É óbvio que, se o dia foi marcado por acontecimentos tristes e a pessoa esqueceu de pagar uma conta, isso é normal e não deve ser levado em conta. Na correria do dia a dia, quantas vezes temos de voltar porque esquecemos a chave do carro ou um papel importante sobre a mesa. São esquecimentos que não prejudicam. Agora, quando o paciente sabia de cor o telefone da família inteira e dos amigos, mas não se lembra mais do número do telefone da própria casa ou do escritório, é um sinal de alerta  e a família deve encaminhá-lo para diagnóstico e tratamento. Nós, os geriatras, temos pressa em investigar esses casos a fim de evitar complicações futuras.
Drauzio – Como é feita essa investigação?
Alberto Macedo Soares – Primeiro, procura-se quantificar o tipo de perdas (memórias recentes, tardias, etc.). Depois, testamos outras funções, como a capacidade de interpretar provérbios, por exemplo. Alguns autores já propuseram instrumentos que permitem pontuar o desempenho do indivíduo de acordo com seu nível intelectual e graduação profissional para dizer se ele é portador da síndrome demencial ou não. Muitas vezes, quando o paciente procura o médico, já é portador de síndrome demencial grave, tão grave que não se lembra por que está ali. Para contornar essa dificuldade, somos obrigados a valer-nos de subterfúgios. A filha fala com a secretária, telefona, entrega um bilhetinho para o médico, ou pede para conversar com ele antes da consulta. “Ele sempre foi muito bravo, muito austero, e não admite que esteja ficando esquecido”, começa assim a maioria das conversas. Saber desses dados é essencial para o diagnóstico correto, pois certamente existe um problema grave que deve ser investigado de forma adequada.
DOENÇA DE ALZHEIMER 
Drauzio – Em que idade as síndromes demenciais geralmente se manifestam?
Alberto Macedo Soares – Vamos considerar a doença de Alzheimer, que é uma das mais devastadoras da memória. Menos de 5% da população com 50 anos manifestam essa doença, mas aos 90 anos, 50% da população tem Alzheimer.
Drauzio – Quais as principais características da doença de Alzheimer?
Alberto Macedo Soares – A doença de Alzheimer é causada pela diminuição do número de neurônios dentro do cérebro e pelo depósito de uma proteína chamada beta-amiloide. Isso faz com que o cérebro vá perdendo a função intelectual e o paciente começa esquecendo recadinhos, números de telefone, até que esquece o nome do neto ou a data de pagar as contas. Quando o comprometimento é mais grave, ele se esquece até de comer e de vestir-se. Alzheimer é uma doença degenerativa, de evolução lenta, insidiosa e progressiva. Muitas pessoas recebem equivocadamente esse diagnóstico para justificar a síndrome demencial. Na verdade, para fazer o diagnóstico da doença de Alzheimer com segurança, tínhamos que pedir uma biópsia do cérebro. Como não se pede biopsia cerebral para pessoas com déficit de memória, temos de encontrar uma forma de excluir as outras causas, pois existem mais de 30 ou 40 doenças que podem levar ao comprometimento da memória. Embora a doença de Alzheimer seja a mais frequente, seu diagnóstico deve ser feito por exclusão, isto é, o médico conclui que provavelmente o paciente é portador da doença de Alzheimer, porque nenhuma das outras causas foi determinada para justificar o quadro.
POSSÍVEIS CAUSAS
Drauzio – Na linguagem coloquial, as pessoas se referem aos mais velhos que se esquecem das coisas dizendo que estão ficando esclerosados. A medicina não reconhece essa classificação. Qual seria o termo adequado para definir tais situações?
Alberto Macedo Soares – Esclerose é uma palavra que vem do grego e significa enrijecimento. Há 30 ou 40 anos, acreditava-se que, com a idade, o indivíduo ficava esquecido porque os vasos cerebrais enrijeciam e ele se tornava portador de esclerose vascular ou de arteriosclerose. Daí o termo esclerosado que foi adotado equivocadamente para definir a pessoa com lapsos de memória. Sabemos que a arteriosclerose só é responsável por 20% dos esquecimentos. Por isso, o uso do termo é inadequado. O certo seria chamar de síndrome demencial e investigar suas possíveis causas.
Drauzio – A palavra demencial assusta muito os familiares, que a associam à ideia de loucura. 
Alberto Macedo Soares – Sem dúvida, isso acontece, especialmente no Brasil, onde a palavra é usada de forma agressiva e pejorativa. Chamamos de demente o camarada que passa na nossa frente para entrar no elevador: “Esse demente acha que está com mais pressa do que eu”, e de demente o motorista que cometeu uma imprudência no trânsito. No entanto, ao usar a expressão síndrome demencial, eu me valho da conotação e da agressividade contida na palavra demencial para causar impacto naqueles que ainda acham que esquecer é um fenômeno normal do envelhecimento. Se o idoso anda esquecido, pode ser portador de uma doença que merece ser investigada.
ESTÍMULO INTELECTUAL
Drauzio – Trabalhos demonstram que, quanto mais intelectualizadas as pessoas forem, quando mais atividades físicas fizerem, quanto mais rico for o universo em que vivem, menores serão os déficits de memória e mais lenta a evolução dos casos.
Alberto Macedo Soares – Realmente, há trabalhos mostrando que, teoricamente, quanto maior a atividade intelectual, mais o indivíduo estará protegido contra o acometimento das doenças degenerativas. Há dois ou três anos, estive com Alistair Burns, um pesquisador de memória da Inglaterra. Quando lhe perguntei qual sua recomendação para os interessados em proteger a memória, respondeu: “Digo para aprenderem uma nova língua”.
De fato, ao aprenderem uma nova língua, as pessoas estarão exercitando várias formas de linguagem e várias formas de memória. O processo de aprendizagem envolve necessidade de concentração e apelo constante à memória recente e à memória tardia. Por isso, quando alguém me diz que anda preocupado com a memória porque a mãe teve Alzheimer, pergunto-lhe: “Que língua você fala? Inglês? Então vá aprender francês”. Esse é um jeito de estimular várias funções da linguagem que contribuem para a preservação da memória.
TRATAMENTO
Drauzio – Quando a pessoa vai esquentar o café e esquece o fogo aceso, entra no banho e não se lembra onde estão a toalha e o sabonete, é sinal de que a deficiência da memória pode ter-se estabelecido. O que é possível fazer para minorar as conseqüências desse problema? 
Alberto Macedo Soares – Esse é um momento importante para começar a investigação. Entre as síndromes demenciais, ou seja, entre os déficits cognitivos – para usar uma nomenclatura mais suave para designar uma doença tão devastadora -, existem as potencialmente reversíveis e as irreversíveis.
Depressão, tumores benignos como o meningioma, ou mesmo um hematoma (o idoso caiu, bateu a cabeça e, depois de um tempo ficou esquisito) são causas de esquecimento potencialmente reversível. Mas existem outras: o hipotireoidismo, que é muito freqüente nos idosos, carência de vitamina B12, neurolues ou neurossífilis e a hidrocefalia de pressão intermitente, uma degeneração cujos sintomas são esquecimento, andar descoordenado, como o de um bêbado, e perda do controle urinário. Por que essas doenças são classificadas como causadoras de esquecimento potencialmente reversível? Porque o processo pode ser revertido se o paciente com hipotireoidismo, por exemplo, tomar hormônio tireoideano, logo que começou a apresentar alterações da memória. Agora, se o problema já estiver estabelecido há mais tempo, as chances de reverter o processo serão infinitamente menores.
Por isso, sempre se reitera a informação de que as causas do esquecimento devem ser investigadas assim que a pessoa começou a manifestar esse sintoma.
Drauzio – Quando os quadros demenciais são potencialmente reversíveis, trata-se a doença de base e a pessoa volta ao normal. Mas, quando estamos diante de um quadro de Alzheimer ou de outras demências irreversíveis, o que se pode fazer para retardar a evolução da doença? 
Alberto Macedo Soares – Muito se pode fazer. Infelizmente, a maioria dos pacientes é portadora de demências irreversíveis. No Brasil, as mais freqüentes são a doença de Alzheimer, os pequenos derrames cerebrais causados por micro-infartos, ou uma associação dessas duas enfermidades. Geralmente, os micro-infartos cerebrais são causados por obstruções ou entupimentos, pressão alta, níveis elevados de colesterol, fumo e diabetes, fatores que podem ser identificados e controlados na tentativa de impedir que continuem provocando pequenos acidentes cerebrais.
Todos sabemos que a doença de Alzheimer não tem cura. No entanto, recentemente se descobriu que pacientes com Alzheimer apresentam déficit de um dos maiores mediadores da memória, a acetilcolina e tentou-se administrar acetilcolina nesses casos, mas os efeitos colaterais foram terríveis. A estratégia, então, foi procurar diminuir a atividade destruidora da acetilcolina inibindo a ação da enzima que a destrói e, desse modo, evitar que a evolução dessa doença seja tão dramática.
Drauzio – Esse medicamento está disponível no mercado? 
Alberto Macedo Soares – Não só está disponível, como a rede pública de saúde o fornece gratuitamente. São remédios tão caros que eu costumava dizer que Alzheimer era doença de rico porque só os ricos conseguiam comprá-lo. Felizmente, o Ministério da Saúde desenvolveu centros de referência à saúde do idoso que distribuem o medicamento de graça. Em Santos, coordenamos um desses centros e fornecemos o remédio para os idosos das nove cidades da Baixada Santista.
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Este Blog é uma central de compartilhamento de informações, notícias, trabalhos científicos e arquivos. Sendo seu objetivo principal a interação entre fonoaudiólogos ou estudantes de fonoaudiologia e áreas correlacionadas, sendo assim sua participação é sempre de extrema importância. Além das informações e orientações sobre Fonoaudiologia e áreas correlacionadas, estarão disponíveis materiais terapêuticos, sendo que as autorias sempre serão respeitadas. O fornecimento dos Download visa suprir a dificuldade de acesso e aquisição de materiais em nossas áreas de atuação, porem jamais fazendo apologia a pirataria. Assim deixo um pedido: Caso possam adquirir as obras nas livrarias, compre-as, contribuindo assim com os autores e com o movimento da máquina científica. As publicações de minha autoria que estão sendo disponibilizadas podem ser utilizadas de forma livre pelos visitantes, peço apenas que divulguem a fonte e autoria do material.
“As informações e sugestões contidas neste site têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento ao Odontopediatra, Ortopedia Funcional dos Maxilares, Ortodontia,Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Pediatria e outros especialistas”