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Alzheimer e Disfagia

Doença de Alzheimer e disfagia



Não é segredo que a comida pode ser reconfortante. Comer é uma atividade importante porque além de questões essenciais necessárias para nossa sobrevivência, envolve questões sociais e culturais. 

No entanto, esta atividade nem sempre é fácil e segura, principalmente para indivíduos que cursam com algum tipo de doença que afeta de forma importante a dinâmica da deglutição. Algumas vezes o próprio indivíduo ou seus familiares percebem que há algo de errado neste processo, mas consideram essas alterações parte do envelhecimento. 

Qualquer problema no processo de deglutição que impeça ou dificulte uma alimentação normal chama-se disfagia. 

A disfagia pode levar à aspiração (entrada de alimentos / saliva / líquidos na via respiratória), que gera risco de pneumonias aspirativas, desnutrição e/ou desidratação. Em alguns casos, a disfagia pode levar a graves consequências. Portanto, é importante sua identificação de forma precoce e para isso, compreender a dinâmica da deglutição normal é essencial. 

COMO OCORRE A DEGLUTIÇÃO? 

A deglutição é uma complexa ação neuromuscular que ocorre aproximadamente 1000 vezes ao dia e que tem como função transportar o conteúdo da cavidade bucal (saliva, alimentos, líquido ou medicamento) para o estômago.1 Os eventos orofaríngeos que ocorrem no processo da deglutição são correlacionados e a separação em fases é didática para facilitar a compreensão 

Fase antecipatória 

A fase antecipatória caracteriza-se por um preparo para o início da deglutição, incluindo o estímulo sensorial visual que nos permite perceber a forma de apresentação, a cor do alimento e sua textura. O olfativo nos permite sentir o aroma da comida. 

Fase preparatória 

A fase preparatória é voluntária, ou seja, depende da vontade de cada um. Compreende a preparação do alimento, envolvendo ações dos lábios, língua, mandíbula, palato, bochechas, dentre outras. 

Na fase preparatória ocorrem as seguintes subfases: captação, preparo, qualificação, organização. 

A captação consiste na preensão do alimento, na retirada do alimento do utensílio. Nesta fase, os lábios tem um papel importante. Após a entrada do alimento, os lábios permanecem fechados evitando que haja escape pela boca. 

No estágio do preparo, o alimento é manipulado, mastigado. A boca possui várias terminações nervosas que são fundamentais para percebermos o sabor do alimento, consistência, forma, tamanho e temperatura. 

No estágio de qualificação que se interpenetra com o de preparo, o bolo é percebido em seu volume, consistência, grau de umidificação, temperatura e sabor. Neste estágio definimos se ainda restam pedaços dentro da cavidade oral que precisam ser mastigados ou retirados, e se o alimento já está suficientemente umedecido pela saliva. Nesta fase também se programa a força de ejeção do bolo (empurrar o bolo para a faringe pela ação da língua). 

O estágio da organização é aquele no qual o bolo é posicionado normalmente sobre o dorso da língua, e as estruturas ósteo-músculo-articulares organizam-se para a ejeção oral. 

Fase oral 

A fase oral também é voluntária e compreende o transporte do bolo para a faringe. Para que a ejeção oral aconteça é necessário o ajuste da cavidade oral para mantê-la pressurizada, ou seja, a língua faz movimentos ondulatórios contra o céu da boca, comprimindo o bolo e levando-o em direção à garganta dando início à fase faríngea da deglutição. 



Fase faríngea 

Na fase faríngea, que é involuntária, o bolo é transportado da faringe até o esôfago através da contração dos músculos da faringe. O alimento passa por uma região crítica (laringofaringe), por ser uma área coincidente tanto para a via respiratória quanto para a via digestiva. 

Para que a deglutição ocorra de forma segura não pode haver a entrada de alimento, saliva ou líquidos na via respiratória. 

A segurança desse processo está diretamente relacionada à coordenação entre as fases oral e faríngea da deglutição. 



Fase esofágica 

Nesta fase, também involuntária, o bolo segue pelo esôfago até o estomago. O esôfago se contrai levando o bolo alimentar em direção ao esfíncter esofágico inferior que se abre permitindo a passagem do bolo para o estômago. Após a passagem do bolo, o esfíncter se fecha impedindo o retorno do alimento para o esôfago (refluxo gastro esofágico). 

Terminada a deglutição, a laringe retorna à posição normal e a respiração volta a ocorrer. 



Doença de Alzheimer (DA) e disfagia: 

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência. É uma doença degenerativa do sistema nervoso central, de caráter lento e progressivo, que acomete inicialmente a memória e progride para outros domínios cognitivos. À medida que a DA evolui, os pacientes tornam-se cada vez mais dependentes. Iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação se torna inviabilizada e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral. 

As alterações na deglutição dos pacientes com DA iniciam-se com queixa de engasgos durante a ingestão de alimentos, principalmente líquidos. Com a progressão da doença o paciente pode ter dificuldades com outras consistências, o que leva ao comprometimento da condição nutricional. 

Há relatos de dificuldades de gerenciamento da deglutição nas fases iniciais, porém os problemas mais expressivos apresentam-se nas fases moderada e grave da DA.3 

Fase inicial: 

Não se observa queixas específicas de alteração da deglutição. Há relatos de mudanças de hábitos alimentares. 

Fase moderada: 

É caracterizada por mudanças significativas nas habilidades cognitivas, que impactam na autoalimentação e deglutição. Alterações da memória podem levar o indivíduo a esquecer o que comeu, quando comeu e qual o horário da próxima refeição. 

Dificuldades perceptuais e espaciais resultam em dificuldade para localizar louça e talheres e reconhecer comida e utensílios. 

Apraxia de membros e apraxia oral podem levar à dificuldades na utilização de talheres e realização de ações voluntárias como abrir a boca e manipular o alimento na cavidade oral. 

Alterações da linguagem podem levar à dificuldade em expressar as preferências alimentares e compreender instruções dadas durante as refeições. 

Nesta fase é importante identificar a segurança da deglutição e gerenciar a capacidade de manutenção da dieta via oral. A cognição é um fator importante para considerar se o paciente terá condições de aprender a estratégias que minimizem os riscos. 

Os familiares/cuidadores devem ser orientados e treinados quanto a melhor consistência de dieta a ser oferecida, o utensílio utilizado para oferta dos alimentos, o volume oferecido, manobras ou posturas utilizadas para a deglutição (a depender da condição cognitiva) e o ritmo de oferta dos alimentos. 

É importante que todos estejam familiarizados com o processo de evolução da doença para que futuramente tenham condições e oportunidade de participar das decisões. 

Fase grave: 

Nesta fase, a quantidade de alimento ingerido pode ser insuficiente. O tempo de refeição aumenta de forma significativa. A indicação de uma via alternativa de alimentação pode ser necessária (quando a via oral ocorrer de forma insuficiente ou quando a mesma representar risco para aspiração). Esta indicação deve ser criteriosa e depende da decisão conjunta da equipe multiprofissional e familiares/cuidadores. 

Algumas orientações e condutas podem permitir ao paciente disfágico uma alimentação via oral mais segura. 

Estas orientações estão relacionadas à: 

1- Consistência dos alimentos: 

A consistência dos alimentos é modificada, ao longo do curso da doença, se necessário. 

A umidificação dos alimentos é indicada para a maioria dos pacientes. Em geral, a dieta de menor risco é a consistência pastosa homogênea (consistência de creme). 



O importante é a garantia de um desempenho seguro (sem a entrada de saliva/ alimentos/líquidos no pulmão) durante todas as refeições. 

2-Uso de espessantes alimentares 

São produtos industrializados que modificam instantaneamente a textura e consistência dos alimentos, não alterando o sabor. 

São bastante utilizados para espessamento de líquidos, pois tendem a ser a consistência mais difícil por exigir adequado controle oral, agilidade e coordenação da musculatura envolvida na deglutição. 

Figura I: Representação de diferentes viscosidades de alimentos/líquidos 



Na avaliação funcional da deglutição o fonoaudiólogo definirá a consistência mais segura de acordo com a dinâmica de deglutição do paciente. 

3- Posicionamento durante a alimentação 

Uma posição correta durante a alimentação dificulta a entrada dos alimentos nos pulmões, deixando a alimentação mais segura. 

Durante as refeições é importante que o paciente permaneça sentado, com o tronco reto e a cabeça erguida. Caso não seja possível, tente manter o tronco o mais reto que puder ou pelo menos a 45º (figura abaixo). Use como apoio, travesseiros, almofadas, rolos de toalhas ou lençóis 

 

4- Ambiente 

O ambiente onde o paciente será alimentado deverá ser calmo, oferecer o mínimo de distratores assim como televisores e rádios deverão ser desligados. Conversas paralelas deverão ser evitadas. 

5- Higiene oral 

Pacientes com precário estado de conservação dentária estão mais propensos a broncopneumonias. 

Para manutenção adequada da higiene oral e para retirada da placa bacteriana é necessária a ação mecânica de escovação dos dentes. 

O uso de uma pasta que tenha boa ação bactericida é indicada quando ainda o paciente tem condições de fazer “bochecho”. 

Caso esteja em uma fase que já não consegue bochechar, sugere-se a utilização da própria escova e de um antisséptico a base de clorexidina a 0,12% sem álcool, não sendo necessário o enxágue. 

6- Via alternativa de alimentação 

A nutrição enteral é indicada a pacientes que possuem risco para aspiração ou para aqueles com ingestão alimentar insuficiente por via oral. 

Cabe à equipe médica optar pela sonda naso-enteral (SNE) ou gastrostomia (GTT). A sonda naso enteral é um tubo flexível inserido no nariz. Recomenda-se que seja usada no máximo por um mês, mas na prática clínica isso não acontece. Para pacientes sem condições de manutenção de via oral exclusiva (se alimentar somente por boca), a gastrostomia é indicada. É um procedimento simples e realizado por via endoscópica. 

Figura 1 - Paciente com sonda naso enteral e gastrostomia 


Sinais de alerta 

1- Tosse ou engasgo com alimento ou saliva;
2- Pneumonias de repetição; 
3- Refluxo gastro-esofágico; 
4- Febre sem causa aparente;
5- Sensação de bolo na garganta;
6- Recusa alimentar;
7- Sonolência durante as refeições;
8- Presença de sinais clínicos de aspiração: dispnéia (falta de ar), voz molhada (som borbulhante) 

A constatação desses sinais de alerta, isoladamente ou em conjunto, são essenciais para definição da conduta em relação à manutenção da dieta VO (por boca). 
Em caso de dúvida, peça orientação para um profissional especializado. 

Referências bibliográficas: 

1- Sugueno, L.A; Fussi, C. Neurofisiologia da deglutição. In: Barros, A.P ; Dedivits, R.A ; Sant’ana, R.B. Deglutição, voz e fala nas alterações neurológicas. Rio de Janeiro: Di Livros; 2013. p.3-18. 
2- Palinkas, E. Estudo da alimentação e deglutição, avaliada pela videofluoroscopia, de idosos com doença de Alzheimer leve e moderada residentes na comunidade [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2002. 
3- Correia, SM. Avaliação fonoaudiológica da deglutição na doença de Alzheimer em fases avançadas [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2010. 
4- Fussi, C; Romero, S.B. Disfagia: desmistificando dúvidas na prática de equipe de enfermagem. In: Matsuba, CS; Magnoni, D. Enfermagem em Terapia Nutricional. São Paulo: Savier; 2009. p.196 – 219. 
5- Silvério, C.C; Cola, P.C; Silva, R.G. Ações educativas para pacientes adultos com disfagia orofaríngea. São Paulo: Pulso Editorial; 2006. 
6- Macedo, E.D; Gomes, G.F; Furkim, A.M. Manual de cuidados do paciente com disfagia. São Paulo: Editora Lovise; 2000.

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Apostila para memória, atenção e praxias no Alzheimer

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Alzheimer - Tornei me uma Cuidadora (Relato verídico)


De repente o telefone tocou e fui surpreendida com um delegado de polícia do outro lado da linha dizendo que estava com minha mãe na delegacia e mais duas pessoas desconhecidas.
Fiquei muito assustada ao receber a ligação e mais ainda quando soube o motivo. As duas pessoas estavam lá fazendo uma denúncia de agressão a idoso e, pasmem, o agressor era eu!
Corri para a delegacia e chegando lá todos vieram ao meu encontro com acusações e muita grosseria. Aguardei até se acalmarem para poder dar explicações. Minha mãe estava sentada em um canto da delegacia e chorava muito.
Naquela tarde estas duas pessoas encontraram a minha mãe na rua do prédio onde morava com minha irmã. Minha mãe chorava muito e dizia que havia apanhado da filha mais velha. As duas pessoas conversaram com o porteiro do prédio que deu a eles o número do meu telefone. Indignados eles levaram a minha mãe para a delegacia que ficava a poucos quarteirões do prédio.
Na delegacia expliquei ao delegado que o fato não havia acontecido, mesmo porque minha mãe estava sozinha naquela tarde. Disse a eles que minha mãe estava tendo crises de depressão e por vez ou outra ela se esquecia de tudo e ficava um pouco confusa.
O delegado chamou minha mãe para perto de nós e ela não me reconheceu, falei com ela e ela continuava chorando pedindo para chamar a filha mais velha dela.
Neste momento tanto as duas pessoas, como o delegado entenderam que ela não estava bem. Eu fiquei mais surpresa ainda, pois não imaginaria que, de um dia para outro, minha mãe não me reconheceria.
O delegado e as pessoas depois de conversam um pouco mais com ela e comigo, perceberam de que se tratava não de um caso de agressão e sim de uma senhora que estava apresentando problemas de demência.
Nesta tarde tornei-me uma Cuidadora.
No dia seguinte pela manhã levei a minha mãe a uma clínica especializada em Alzheimer e a triste notícia foi confirmada, minha mãe era portadora da doença.
Após este dia, no prazo de sete meses, a saúde mental de minha mãe decaiu sobremaneira, hoje ela é incapaz de saber onde mora, incapaz de saber o dia da semana, acorda no meio da noite querendo sair e ir embora, se alimenta muito mal, usa fraldas. Sua fala e raciocínio totalmente desconexos nos desafia a cada momento em que ela tenta se comunicar conosco, eu e minha irmã.
Para me auxiliar nos cuidados de minha mãe, minha irmã veio morar comigo. Depois de inúmeras tentativas frustradas com clínicas, home care e day care, eu e minha irmã resolvemos cuidar nós mesmos de nossa mãe. Nossa vida mudou completamente, restrições nos horários e dias da semana. Hoje trabalhamos parte do tempo em casa e nos revezamos nos horários e dias em que necessitamos desenvolver atividades externas.
O que mais me consterna é saber o quanto não se sabe a respeito desta doença avassaladora. O Alzheimer acaba com o cérebro do portador da doença e com o emocional dos cuidadores.
Tive a “sorte” de ter participado do Processo Hoffman alguns meses antes do diagnóstico da enfermidade de minha mãe. O Processo Hoffman é um programa de desenvolvimento emocional. Hoje sei que o universo me colocou em contato com o Centro Hoffman, pois sabia que em um futuro breve eu precisaria deste preparo para a nova fase da minha vida. Por isto consigo de alguma forma manter o meu equilíbrio emocional, uso as técnicas para me acalmar e me centrar. O outro fator que me auxilia na manutenção deste equilíbrio é a prática esportiva.
O desconhecimento desta estranha doença do córtex cerebral é muito grande. Atualmente estima-se que 35,6 milhões de pessoas em todo o planeta sofram de demência, sendo que o Alzheimer é o tipo mais freqüente. Aqui no Brasil os casos giram em torno de 1,2 milhão de pessoas e este número deve dobrar nos próximos dez anos resultado do aumento da população da terceira idade.
O Alzheimer é a perda de neurônios na estrutura do hipocampo e regiões do córtex cerebral. Esta perda se dá até o desaparecimento da superfície convoluta do cérebro. A perda neuronal se inicia na região frontal do cérebro – responsável pela memória, emoções e pensamento – rumo às áreas posteriores – reconhecimento, julgamento, entre outras. Sem nenhum tratamento, em dois anos o cérebro é praticamente engolido pela doença. Os pesquisadores conhecem mais de 130 alterações genéticas associadas à demência do tipo Alzheimer – algumas delas são capazes de desencadear a degeneração neuronal mesmo em pessoas de 30 anos.
Apesar de todos estes dados pouco se conhece a respeito da doença. Não há um diagnóstico preciso e é muito difícil de perceber as mudanças comportamentais atreladas ao Alzheimer quando ainda está no início. Somente depois de instalada a enfermidade de forma avassaladora é que entendemos que certos comportamentos do passado que atrelávamos a depressão, personalidade difícil, a estresse ou nervosismo, tudo eram indícios do início do Alzheimer.
O mais duro de todo o processo é o desconhecimento e o despreparo de médicos e clínicas que se dizem especializados no tema. Eu e minha irmã passamos pelos mais diversos tipos de dificuldades em lidar com os péssimos prestadores de serviço do segmento. Abusam da sua fragilidade emocional e da fragilidade do paciente que não consegue se comunicar e muito menos se defender. Se temos dificuldade no atendimento a pequenas enfermidades e tratamentos corriqueiros imaginem o despreparo, o desrespeito e as humilhações a que nos submetemos junto as estas entidades para tratar de uma doença desafiadora.
Também não se tem nenhum fato conclusivo de como esta doença se dá. Cientistas ainda não compreendem completamente o que causa a doença de Alzheimer, mas está claro que ela se desenvolve por causa de uma série complexa de eventos que ocorrem no cérebro durante um longo período de tempo. É provável que as causas incluam genética e fatores ambientais e de estilo de vida. Uma vez que as pessoas variam na genética e estilo de vida, a importância desses fatores para prevenção ou adiamento da doença de Alzheimer difere de pessoa para pessoa.
Novas pesquisas sugerem que possivelmente os fatores de estilo de vida também ajudariam a diminuir o risco de comprometimento cognitivo leve e doença de Alzheimer. Dieta nutritiva, exercícios físicos, contatos sociais, e objetivos mentalmente estimulantes podem ajudar a pessoa a se manter saudável.
Defendo esta tese fortemente, pois o esporte sociabiliza, trás momentos únicos juntos de amigos, te estimula, te mantém jovem e saudável.
O maior ganho no esporte é a manutenção do equilíbrio mental. Ao praticar um determinado exercício é praticamente impossível pensar em outra coisa. Acredito que é neste momento que o cérebro se desconecta de tudo aquilo que não lhe faz bem, trazendo a sensação de alívio e bem estar.
Não deixem para cuidar da saúde no futuro, pois ela pode não existir mais.
Para reflexão deixo aqui as frases de alguns sábios.
“A saúde é conservada pelo conhecimento e observação do próprio corpo.” – Cícero
“A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de nossos pensamentos.”  -Mahatma Gandhi
“Não sabemos avaliar a saúde quando a temos, lamentamos a sua falta quando a perdemos.” -  Marquês de Maricá.
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Disfagia no Mal de Azheimer


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Clarita - Depoimento sobre Mal de Azheimer ( com participação de Laura Cardoso)


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Dez dicas para lidar com idosos com Alzheimer

10 dicas para lidar com idosos com Alzheimer
10 dicas para lidar com idosos com Alzheimer

O passado no presente: A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, ou seja, a sua memória de longa duração substitui a memória de curto prazo. Isto significa que, embora possam lembrar-se nitidamente do que aconteceu há 30 anos atrás, não se conseguem recordar daquilo que almoçaram há 2 horas atrás. Como contornar esta situação? Não contornando, ou seja, deve-se aproveitar para conversar com o idoso sempre que ele quiser, sobre aquilo que ele quiser.

Curto e simples:
Quando comunicar com um idoso que sofre de perda de memória, faça-o com frases curtas e simples, ou seja, de muito fácil compreensão. Utilize um vocabulário direto, evitando expressões e eufemismos que podem apenas confundir o idoso. Para além disso, faça apenas uma pergunta ou solicitação de cada vez.
Tempo de resposta:
Mesmo com uma comunicação simples, direta e curta, quem vive com a perda de memória necessita de tempo para responder àquilo que lhe foi perguntado ou pedido. Dê ao idoso todo o tempo que precisar para pensar no que lhe foi dito e formular a sua resposta, sem o apressar ou interromper o seu raciocínio. Se vir que pode ser útil, repita o pedido ou a questão.
Repetições, repetições, repetições:
A comunicação com um idoso com perda de memória vai certamente estar recheada de frases e perguntas repetidas. Embora possa ser frustrante para quem está a ouvir, em vez de dizer “ainda agora acabei de te dizer”, tenha paciência e volte a repetir a resposta ou a pergunta, de preferência igual ou muito parecido com a resposta anterior, para evitar confundir o idoso.
Outras formas de comunicação:
Infelizmente, a perda de memória pode afetar a comunicação verbal de um idoso, que pode ter dificuldade em expressar os seus pensamentos ou formular frases completas e coerentes – algumas pessoas até deixam de falar. Se a fala representa um obstáculo na comunicação com um idoso com perda de memória, mune-se de outras formas de comunicar: esteja atento à linguagem corporal e às expressões faciais, tanto do idoso como as suas – evite movimentos bruscos e revirar os olhos, por exemplo. Por vezes, apontar para algum objeto pode facilitar a comunicação, por isso, peça ao idoso para fazer o mesmo quando estiver com dificuldades em transmitir alguma ideia.
Erros e desentendimentos:
Quem sofre de perda de memória nem sempre encontra as palavras certas para comunicar o que pretende, podendo substitui-las por outras que nada têm a ver com o assunto em questão. Esteja sempre muito atento ao desenrolar de qualquer conversa, procurando entender, mesmo por meias palavras, aquilo que o idoso está a tentar comunicar. Recorra a outras formas de comunicação – caso da gestual – se for necessário, mas evite chamar a atenção do idoso ou rir-se dele porque utilizou a palavra errada ou trocou o sentido a uma frase. Fazer isso pode levar a sentimentos de frustração, raiva, tristeza, falta de confiança e dignidade. O que importa é o significado daquilo que está a ser dito e não a forma como é dito: focalize-se nisso.
Mimos e carinhos:
A perda de memória não significa a perda de emoção, por isso, mime o idoso com carinhos especiais. O esquecimento e a dificuldade em comunicar pode frustrar o idoso, levando-o à depressão e ao isolamento, o que significa que precisa, mais do que nunca, do sentimento de pertença e de segurança. Faça-lhe companhia numa das suas atividades preferidas, segure-lhe na mão, faça-lhe uma carícia no rosto ou dê-lhe um abraço forte – são gestos tão ou mais poderosos do que as palavras.
Vigilância atenta:
Cerca de 60% dos doentes com Alzheimer acabam por se perder, vagueando sem sentido e sem conseguir voltar ao seu ponto de partida, devido à perda de memória. Para evitar situações como esta, assegure que não deixa as portas e/ou janelas da casa abertas; se tem receio que o idoso possa vaguear, não lhe peça para ir buscar o correio ou levar o lixo sozinho; não deixe o idoso conduzir ou andar de transportes públicos sozinho.
Personalidade própria:
Apesar da perda de memória, o idoso continua, no fundo, a ser a mesma pessoa, com os mesmos gostos. Só porque a sua memória já não é o que era, não significa que não possa desfrutar de atividades e momentos de lazer que sempre apreciou. Você, melhor do que ninguém, conhece essa pessoa, por isso, faça por honrar a sua personalidade: se o idoso gosta de passear, acompanhe-o; se gosta particularmente de determinado programa televisivo, faça questão de ligar a TV na hora da sua emissão.
Paciência e disponibilidade:
Se cuidar de um idoso já é exigente, lidar de perto com um idoso que sofre de perda de memória pode ser um desafio ainda maior. Depois de uma vida longa e preenchida, a terceira idade, com todos os seus obstáculos, pode ser fonte de depressão e desânimo para muitos idosos, os quais contam com os seus familiares e amigos diretos para os acompanhar nos últimos anos de vida. Esse acompanhamento requer, acima de tudo, disponibilidade e paciência, duas preciosidades para quem luta contra a velhice e as suas vicissitudes. Nunca é demais lembrar que, para conseguir isso com sucesso e saúde, quem cuida de alguém também tem de cuidar de si. 



- jornalismo@cuidardeidosos.com.br
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Alzheimer revertido pela primeira vez


Pela primeira vez, foi revertida a doença de Alzheimer em pacientes com a doença, há mais de um ano. Os cientistas usaram a técnica de estimulação cerebral profunda, que usa elétrodos para aplicar pulsos de eletricidade diretamente no cérebro.
p>Investigadores canadianos, da Universidade de Toronto, liderados por Andres Lozano, aplicaram estimulação cerebral profunda em seis pacientes.

Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer.
Nos outros quatro, foi parado o processo de deterioração.
Nos portadores de Alzheimer, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher.
O centro de memória funciona no hipocampo, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo.
Desta feita, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação.
Durante a investigação, a equipa de cientistas canadianos instalou os dispositivos no cérebro de seis pessoas que tinham sido diagnosticadas com Alzheimer, há, pelo menos, um ano.
Assim, colocaram elétrodos perto do fórnix, conjunto de neurónios que carregam sinais para o hipocampo, aplicando, depois, pequenos impulsos elétricos, 130 vezes por segundo.
Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento do hipótalamo de 5 por cento e, outro, 8 por cento.
Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida a doença.
Os cientistas têm, contudo, ainda de conhecer mais sobre o modo como a estimulação funciona no cérebro.
Fonte desta reportagem:http://www.advivo.com.br/node/698580

Para maiores pesquisas e complemento desta reportagem :
http://www.newscientist.com/article/mg21228404.500-alzheimers-damage-reversed-by-deep-brain-stimulation.html?DCMP=OTC-rss&nsref=online-news
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O que é o Azheimer e a relação com a família?



Amor e dedicação são pontos fundamentais ao tratamento da Doença

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Doença de Alzheimer - estratégias facilitadoras para familiares

Estratégias facilitadoras para familiares de pessoas com a Doença de Alzheimer

1. Manter conversas e atividades que integrem a pessoa ao quotidiano da família e amigos;
2. Manter diálogos que a remetam a boas memórias;
3. Lembrar nomes de familiares, amigos e lugares, assim como situações relacionadas aos mesmos;
4. Manter o máximo de independência (com supervisão, caso haja riscos para a pessoa);
5. Fazer com que se sinta útil nas atividades que realiza;
6. Evitar falar sobre a condição da pessoa na presença da mesma;
7. Passeios podem ser agradáveis em família, periodicamente.


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Mais da metade dos casos de Alzheimer podem ser prevenidos, segundo pesquisadores


De acordo com um estudo recente apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, mais da metade dos casos da doença de Alzheimer poderiam potencialmente ser prevenidos através de mudanças no estilo de vida e tratamento ou prevenção de condições médicas crônicas.
Pesquisas anteriores já identificavam uma série de fatores de risco para a doença de Alzheimer – incluindo doenças cardíacas e seus fatores de risco, níveis de atividade física e estímulo mental, e alimentação – mas não era claro como modificando esses fatores de risco resultaria na redução dos casos de Alzheimer.
Cientistas utilizaram modelagem matemática para calcular a porcentagem de casos de Alzheimer que poderiam ser atribuídos a esses fatores de risco modificáveis e, embora as premissas utilizadas ainda tenham que ser validadas, identificaram que sete fatores de risco contribuem para 17,2 milhões de casos no mundo todo, ou 51% de todos os casos.
O estudo conduzido pela equipe da Dra. Deborah Barnes, da Universidade da Califórnia, divulgou a proporção dos casos de Alzheimer no mundo que são potencialmente atribuíveis a cada um dos sete fatores de risco:
  • Baixo nível educacional: 19%
  • Fumo: 14%
  • Inatividade física: 13%
  • Depressão: 11%
  • Hipertensão na meia idade: 5%
  • Obesidade na meia idade: 2%
  • Diabetes: 2%
Os pesquisadores ficaram surpresos com a descoberta de que fatores como a falta de atividade física e fumar contribuem para mais casos de Alzheimer do que doenças cardiovasculares, de acordo com o modelo. Mas isso sugere que mudanças de estilo de vida relativamente simples como manter a mente ativa, aumentar a atividade física e parar de fumar podem ter um impacto dramático na redução número de casos de Alzheimer ao longo do tempo.
Como já divulgamos no artigo Mais um motivo para se praticar exercícios cerebrais, a doença de Alzheimer vem se tornando mais comum e um grande peso econômico para os sistemas de saúde na medida em que a população envelhece. Apesar das diversas pesquisas sobre o assunto, principalmente nos países ricos, ainda não há cura. Nos Estados Unidos, a doença de Alzheimer é a única causa de morte dentre as 10 maiores naquele país que não pode ser curada. E também a única em que as mortes estão crescendo enquanto as das outras doenças diminuem.
Então, você está esperando o que? Comece já a mudar seu estilo de vida e estimule seus familiares e amigos a fazerem o mesmo.

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Cérebro 'começa a declinar aos 45 anos', diz estudo


Um estudo realizado pela University College de Londres (UCL) indicou que as funções do cérebro podem começar a se deteriorar já aos 45 anos de idade.
Entre mulheres e homens com idades entre 45 e 49 anos, os cientistas perceberam um declínio no raciocínio mental de 3,6%.
As conclusões contradizem pesquisas anteriores sugerindo que o declínio cognitivo só começaria depois dos 60.
O estudo, publicado na revista científica British Medical Journal, foi conduzido ao longo de dez anos, entre 1997 e 2007.
Os cientistas avaliaram a memória, o vocabulário e as habilidades cognitivas – de percepção ou de compreensão – de quase 5,2 mil homens e 2,2 mil mulheres entre 45 e 70 anos, todos, funcionários públicos britânicos.
Os resultados demonstraram uma piora em memória e cognição visual e auditiva, mas não em vocabulário – com um declínio mais acentuado nas pessoas mais velhas.
Entre os indivíduos entre 65 e 70 anos, eles perceberam um declínio mental foi de 9,6% entre homens e 7,4% entre mulheres da mesma idade.
Para os cientistas, isso quer dizer que a demência não é um problema exclusivo da velhice, e sim um processo que se desenrola ao longo de duas ou três décadas.
"É importante identificar os riscos cedo. Se a doença começou em um indivíduo nos seus 50 que só começa a ser tratado nos 60, como fazemos para separar causa e efeito?", questiona o professor Archana Singh-Manoux, do Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Saúde da População, na França, que conduziu a pesquisa na instituição londrina.
"O que precisamos agora é analisar aqueles que experimentam um declínio cognitivo mais rápido que a média e saber como parar o declínio. Algum nível de prevenção definitivamente é possível", afirma.

Crise de meia-idade

Singh-Manoux argumenta que as taxas de demência devem aumentar na sociedade na medida em que as funções cognitivas estão conectadas a hábitos e estilo de vida, através de fatores como o fumo o nível de exercício físico.
Para a Sociedade contra o Alzheimer, uma organização de pesquisa e lobby no combate à demência, o estudo mostra a necessidade de mais conhecimento das mudanças no cérebro que sinalizam o problema.
"O estudo não diz se qualquer dessas pessoas chegou a desenvolver demência, nem quão viável seria para o seu médico detectar essas primeiras mudanças", afirmou a gerente de Pesquisas da Alzheimer Society, Anne Corbett.
"São necessários mais estudos para estabelecer as mudanças mensuráveis no cérebro que possam nos ajudar a melhorar o diagnóstico da demência."
O diretor de Pesquisas na organização, Simon Ridley, reforçou a necessidade de conscientizar a população sobre os benefícios de ter hábitos saudáveis.
"Embora não tenhamos uma maneira infalível de prevenir a demência, sabemos que mudanças simples de hábitos – adotar uma dieta saudável, não fumar, manter o colesterol e a pressão do sangue sob controle – reduzem o risco de demência", afirmou.
"Pesquisas anteriores indicaram que a saúde na meia-idade afeta o risco de demência durante o envelhecimento, e estas conclusões nos dão mais razões para cumprir as resoluções de Ano Novo."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/01/120106_demencia_estudo_pu.shtml
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Doença de Alzheimer e tratamento fisioterápico

Entre as doenças que afetam o cérebro, o mal de Alzheimer é uma das mais cruéis. Ela se instala lentamente e mina a capacidade do indivíduo de se relacionar com o mundo exterior e consigo mesmo.
A doença de Alzheimer é uma doença neuropsiquiátrica progressiva do envelhecimento encontradas em adultos de meia-idade e, particularmente, em mais velhos, que afeta a substância cerebral e é caracterizada pela perda inexorável da função cognitiva, bem como distúrbios afetivos e comportamentais. A principal causa de demência em adultos com mais de 60 anos, o mal de Alzheimer, é responsável por alterações de comportamento, de memória e de pensamento (1)
A doença se caracteriza pela morte gradual de neurônios, as células nervosas do cérebro. As causas desse desastre são pouco conhecidas. Sabe-se que ele está relacionada a um acúmulo de duas proteínas, a beta-amilóide (2).
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer caracteriza-se pela atrofia do córtex cerebral. O processo geralmente é difuso, mas pode ser mais grave nos lobos frontal, parietal e temporal. O grau de atrofia varia(3).
O envelhecimento normal do cérebro também se acompanha de atrofia, há uma superposição no grau de atrofia do cérebro de pacientes idosos com Alzheimer e pessoas da mesma idade afetadas pela doença. Ao exame microscópio, há perda tanto de neurônio como de neurópilo no córtex e, ocasionalmente, se observa uma desmielinização secundária na substância branca subcortical. Com o uso da morfometria quantitativa, a maior perda é a de grandes neurônios corticais (4).
Os achados mais característicos são placas senis e emaranhadas neurofibrilares argentofílicos. A placa senil é encontrada em todo o córtex e hipocampo e o número de placas por campo microscópio correlaciona-se com o grau de perda intelectual. Emaranhados neurofibrilares são estruturas fibrilares intracitoplasmáticas neuronais (5).
A degeneração e a perda neuronal são gerais, embora especialmente acentuadas nas células piramidais do hipocampo e células piramidais grandes no córtex associativo. A degeneração aparece cedo no núcleo basal de Meynert e mais tarde nos lócus coeruleos. A patologia inclui a presença de desarranjos neurofibrilares, placas neuríticas e degeneração granulovacuolar. Os desarranjos são massas intraneurofibrilares de filamentos citoplásticos (4).
Epidemiologia
Nos EUA, a prevalência da doença de Alzheimer em pessoas de 65 anos de idade ou mais é estimada como sendo de 10,3 %, elevando-se para 47 % naquelas acima de 80 anos. Até 2,6 % das pessoas acima dos 65 anos vem apresentar a Doença de Alzheimer anualmente. A freqüência varia pouco por sexo ou grupo étnico(1).
Etiologia
Embora a causa da Doença de Alzheimer não tenha sido estabelecida, há fortes suspeitas de uma base genética. A concordância para Doença de Alzheimer em gêmeos homozigóticos é maior que em gêmeos dizigóticos (3).
Agentes infecciosos e contaminantes ambientais, incluindo vírus lentos e metais (por exemplo o alumínio) são fatores etiológicos suspeitos. Os papéis destes fatores ainda não foram comprovados; no entanto, estes fatores ambientais estão sendo submetidos à investigação ativa. O envelhecimento normal está associado com decréscimo de alguns neurotransmissores, bem como com alguns dos achados neuropatológicos da doença. Portanto, surgiu a questão sobre se a doença seria devido a uma aceleração das alterações normais do envelhecimento (3)
As lesões crânio encefálicas, baixos níveis de instrução e síndrome de Down em um parente em primeiro grau também se associa a maior risco de doença de Alzheimer (3).
O quadro clínico da DA caracteriza-se por um declínio insidioso, progressivo da memória e de outras funções corticais como linguagem, conceito, julgamento, habilidades visuo-espaciais. Progressivamente instalam-se alterações intelectuais e de esfera afetiva, mas sobressaem os distúrbios de funções simbólicas: apraxias, agnosias (perda da capacidade de interpretar o que vê, ouve ou sente) e afasias. Pode ocorrer manifestação psicótica, como delírios e crises convulsivas (6). Apresentam geralmente delírios de infidelidade conjugal e roubos. Esses pacientes podem vagar, marchar, abrir e fechar gavetas rapidamente, bem como fazer as mesmas perguntas várias vezes. Anormalidades do ciclo sono-vigília podem tornar-se evidentes, como ficar acordado durante a noite, por pensar que ainda é dia claro (3). Alguns pacientes desenvolvem uma marcha arrastada, com rigidez muscular generalizada associada à lentidão e inadequação do movimento. Possuem com freqüência um aspecto parkinsoniano, mas raramente tem tremor em repouso rápido e rítmico. Podem evidenciar reflexos tendíneos hiperativos e reflexos de sucção e muxoxo. Abalos mioclônicos (contrações bruscas breves de vários músculos ou de todo o corpo) podem ocorrer espontaneamente ou em respostas a estímulos físicos ou auditivos (2)
As perdas cognitivas aumentam e o indivíduo evolui até ficar totalmente dependente de outros para a execução de suas atividades mais básicas. Em estágios mais avançados passa a não se alimentar, engasgar-se com a comida e saliva, o vocabulário fica restrito a poucas palavras, perde a capacidade de sorrir, sustentar a cabeça, fica acamado e a morte sobrevém em conseqüência de complicações como pneumonia, desidratação ou sepse (6).
A demência senil do tipo Alzheimer pode ainda ser subdividida de acordo com o estágio clínico, mas existe grande variabilidade e a evolução dos estágios freqüentemente não é tão ordenada como se poderia deduzir da descrição que vem  seguir:

Estágio Inicial: perda da memória recente, incapacidade de aprender e reter informações novas, problemas de linguagem, labilidade de humor e, possivelmente, alterações de personalidade. Os pacientes podem apresentar dificuldade progressiva para desempenhar as atividades de vida diária. Irritabilidade, hostilidade e agitação podem ocorrer como resposta à perda de controle e de memória. O estágio inicial, no entanto, pode não comprometer a sociabilidade (7).
Estágio Intermediário: completamente incapaz de aprender e lembrar de informações novas. Os pacientes se perdem constantemente, freqüentemente a ponto de conseguirem encontrar o seu próprio quarto ou banheiro. Embora continuem a deambular, estão em risco significativo de quedas ou acidentes secundários à confusão. O paciente pode precisar de assistência nas AVDs. A desorganização comportamental ocorre na forma de perambulação, agitação, hostilidade, falta de cooperação ou agressividade física. Neste estágio, o paciente já perdeu todo o senso de tempo e lugar (7)
Estágio grave ou terminal: incapaz de andar, totalmente incontinente e incapaz de desempenhar qualquer AVD. Podem ser incapazes de deglutir e podem necessitar de alimentação por sonda nasogastrica. Estão em risco de pneumonia, desnutrição e necrose da pele por pressão (7).
A evolução da doença é gradual, e não rápida ou fulminante; existe um declínio constante, embora os sintomas em alguns pacientes pareçam se estabilizar durante algum tempo. Não ocorrem sinais motores ou outros sinais neurológicos focais ate tardiamente na doença (1). A duração típica da doença é de 8 a 10 anos, mas a evolução varia de 1 a 25 anos. Por motivos desconhecidos, alguns pacientes com Alzheimer evidenciam um declínio gradual e lento da função, enquanto outros têm platôs prolongados sem deterioração importante (2). O estágio final da doença de Alzheimer é coma e morte. (1) 
Dentre as principais características estão (7):
Perda de memória: pode ter conseqüência na vida diária, de muitas maneiras, conduzindo a problemas de comunicação, riscos de segurança e problemas de comportamento.
Memória episódica: é a memória que as pessoas têm de episódios da sua vida, passando do mais mundano ao mais pessoalmente significativo.
Memória semântica: esta categoria abrange a memória do significado das palavras, como por exemplo, uma flor ou um cão.
Memória de procedimento: esta é a memória de como conduzir os nossos atos quer física como mentalmente, por exemplo, como usar uma faca e um garfo, ou jogar xadrez.
Apraxia: é o termo usado para descreve a incapacidade para efetuar movimentos voluntários e propositados, apesar do fato da força muscular, da sensibilidade e da coordenação estarem intactas. 
Afasia: é o termo utilizado para descrever a dificuldade ou perda de capacidade para falar, ou compreender a linguagem falada, escrita ou gestual, em resultado de uma lesão do respectivo centro nervoso.
Agnosia: é o termo utilizado para descrever a perda de capacidade para reconhecer o que são os objetos, e para que servem.
Comunicação: As pessoas com doença de Alzheimer tem dificuldades na emissão e na compreensão da linguagem, o que, por sua vez, leva a outros problemas.
Mudança de personalidade: uma pessoa que tenha sido sempre calma, educada e afável pode comportar-se de uma forma agressiva e doentia. São comuns as mudanças bruscas e freqüentes de humor.
Mudanças físicas: a perda de peso pode ocorrer, redução de massa muscular, escaras de decúbito, infecções, pneumonia.
A evolução é progressiva, inevitavelmente em incapacidade completa e morte. Ás vezes há estabilizações, durante as quais o distúrbio cognitivo permanece inalterado por um ou dois anos, mas depois a progressão é retomada. A duração é geralmente entre 4 a 10 anos, com extremos de menos de 1 ano e a mais de 20 anos (8).
Tratamento
Por enquanto, não existe tratamento preventivo ou curativo para a doença de Alzheimer. Existe uma série de medicamentos que ajudam a aliviar alguns sintomas, tais como agitação, ansiedade, depressão, confusão e insônia. Infelizmente, estes medicamentos são apenas eficazes para um número limitado de doentes, apenas por um breve período de tempo e podem causar efeitos secundários indesejados. Por isso, aconselha-se geralmente a evitar a medicação, a menos que seja realmente necessária (7).
Descobriu-se que os doentes que têm a doença de Alzheimer têm níveis reduzidos de acetilcolina, um neurotransmissor (substância química responsável pela transmissão de mensagens de uma célula para outra) que intervém nos processos da memória (9).
Foram introduzidos, em alguns países, determinados medicamentos que inibem a enzima responsável pela destruição da acetilcolina. (4).
Os resultados no tratamento da doença são difíceis e frustrantes, pois não há medidas específicas e a ênfase primária é o alívio em longo prazo dos problemas comportamentais e neurológicos associados (2)
O tratamento é multimodal, desenvolvido e modificado com a progressão da doença, podendo ser obtido através da intervenção farmacológica (visando à fisiopatologia e sintomas da doença como ilusões e distúrbios do sono) e da intervenção comportamentais (melhora sintomas específicos bem como as AVDs). Atualmente os agentes farmacológicos empregados no tratamento visam inibir a acetilcolinesterase para aumentar os níveis de acetilcolina diminuídos no cérebro dos pacientes com Alzheimer. Os inibidores utilizados atualmente (utilizados apenas em doenças com déficit colinérgico como Alzheimer) são: Tacrina (melhora apatia e ansiedade), Donepezil (1).
Fisioterapia
Designa a habilitar o indivíduo comprometido funcionalmente, a novamente desempenhar suas AVDs, da melhor maneira e pelo menor tempo possível, com mais autonomia. Os principais aspectos da assistência são preventivos, elaborados para manter o indivíduo mais ativo e independente possível. No maior grau que for possível, a atividade deve ser encorajada para manter a força, ADM e estado de alerta (9).
Promover somente a ajuda que é absolutamente necessária, com os pacientes continuando a realizar sozinhos máximo de AVDs possível; o paciente precisa ser capaz de lembrar o comando, identificar o objeto (exemplo, escova de dente), e realizar a ação motora (8).
O processo de reabilitação também inclui a realização de modificações ambientais necessárias para segurança do paciente e de modo que esse possa viver em um ambiente o mais aberto possível (8). Quedas podem ser devido a riscos ambientais o mais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, tapetes soltos, etc). Tais riscos devem ser evitados. Os ambientes devem manter um apresentação familiar (não mudar a disposição da mobília desnecessariamente) e barras presas na parede e corrimãos devem ser instalados nos locais necessários (10)
As técnicas de fisioterapia serão as mesmas que usamos nas pessoas de terceira idade que não apresentam demência, mas a maneira de aborda-las exige habilidade especial. O paciente pode não aparecer interessado em saber como a falta de flexibilidade articular, a fraqueza muscular ou o edema poderão afeta-lo; não tem condições de entender a relação que existe. O preparo antecipado dos planos de terapêutica  impede que o fisioterapeuta pareça indeciso. O preparo de explicações claras e simples darão melhores resultados. A instrução deverá ser repetida da mesma forma; o emprego das palavras diferentes poderá confundir o paciente. Não é aconselhável entrar em conversas desnecessárias, pois podem desnorteá-lo mais ainda.Lançar mãos de gestos e sinais físicos para esclarecer e reforçar as instruções exigentes (9)
São comuns as alterações de sensibilidade, por isso evitar atração, a eletroterapia e os equipamentos que exigem colaboração de participação subjetiva. O calor somente deve ser usado naqueles capazes de reconhecer e dizer quanto é demasiado quente (9)
O estabelecimento de metas realizáveis no tocante à mobilidade é muito útil. Mesmo as realizações mais modestas merecem ser recompensadas por parabéns e pelo interesse que o fisioterapeuta demonstra pela pessoa (9).
A meta de reabilitação precisa ser redefinida para assegurar que o paciente permaneça seguro, independente, e capaz de realizar atividades da vida diária e atividades instrumentais da vida pelo máximo de tempo que for razoável (8).
O processo de reabilitação pode começar enquanto o trabalho de diagnóstico está ainda sendo feito. Isso pode tornar a forma de treinamento básico em atividades da vida diária. Isso inclui o treinamento de atendentes para a assistência de paciente e a reabilitação de modificações ambientais necessárias para a segurança da pessoa confusa de modo que essa possa viver em um ambiente o mais aberto possível. Uma vez o diagnóstico tenha sido estabelecido, pode ser feito o planejamento cuidadoso para a assistência.
Nos estágios iniciais e médios da doença, a intervenção fisioterápica geralmente pode prolongar a habilidade de movimentar-se com facilidade (10).
É importante observar que inicialmente a intervenção fisioterápica pode ser potencialmente envolvida com a facilitação do planejamento motor e planejamento para compensação de perdas nas atividades de vida diária. A habilidade para andar é perdida mais tarde, e outros estudos relatam níveis comparáveis de comprometimento (7).
A intervenção fisioterápica para assistir o paciente e treinar os atendentes envolve a facilitação dos movimentos e planejamentos motor e o desenvolvimento ou refinamento de pistas ambientais e cognitivas para ajudar a realizar tarefas complexas (10).
O comprometimento cognitivo é o fator limitante. A análise ajuda o atendente a prover somente a ajuda que é absolutamente necessária, com os pacientes continuando a realizar sozinhos o máximo de AVDS possível; por exemplo, para escovar os dentes, o paciente precisa ser capaz de lembrar o comando, identificar a escova de dentes, e realizar a ação motora. O paciente pode somente precisar de ajuda de alguém que coloque a escova em sua mão e a guie lentamente para a boca para que seja capaz de escovar os dentes (7).
A primeira meta da reabilitação é criar um ambiente (emocional e físico) que dê suporte (trabalhar ativamente para compensar as perdas cognitivas específicas dos pacientes na medida em que forem ocorrendo gradualmente). A meta final é ajudar os pacientes a sentirem que eles são capazes, de modo que continuem a tentar fazer por si próprios as coisas que possam fazer com segurança, independentemente de permanecerem em sua casa ou estarem vivendo em uma instituição (9).
Em cada sessão os movimentos precisam ser equilibrados com períodos adequados de repouso para assegurar que o paciente não atingirá o ponto de fadiga e exaustão. São preferíveis freqüentes e breves períodos de atividade física (10).
O fisioterapeuta pode contribuir muito com a melhora da qualidade de vida do paciente e da família (7).
Objetivos da reabilitação fisioterápica (7,8,9):
- Diminuir a progressão e efeitos dos sintomas da doença,
- Evitar ou diminuir complicações e deformidades,
- Manter as capacidades funcionais do paciente (sistema cardiorrespiratório),
- Manter ou devolver a ADM funcional das articulações,
- Evitar contraturas e encurtamento musculares (imobilização no leito),
- Evitar a atrofia por desuso e fraqueza muscular,
- Incentivar e promover o funcionamento motor e mobilidade,
- Orientação sobre as posturas corretas,
- Treino do padrão da marcha,
- Trabalhar os padrões do funcionamento sistema respiratório (fala, respiração, expansão e mobilidade torácica),
- Manter ou recuperar a independência funcional nas atividades de vida diária.
Consiste basicamente na fisioterapia motora, que engloba desde exercícios ativos, passivos, auto-assistidos, contra-resistência, isométricos, metabólicos, isotônicos, ou seja, qualquer tipo de movimento é bem vindo no tratamento. Quando chega a uma segunda fase esta patologia, deve-se estimular atividades para que o paciente não fique o tempo inteiro na cama, evitando assim escaras de decúbito, comumente relatadas. Alongamentos e atividades de relaxamento podem ser realizados (10).
Outras modalidades de tratamento são eficazes, como a parte de exercícios para o condicionamento aeróbico, como estimular o paciente a realizar caminhadas, tanto por percursos diferentes, ou dependendo pelo mesmo percurso, estimulando assim concomitantemente a memória do paciente. Bicicletas estacionárias também são de grande valia, assim como se possíveis trabalhos de hidroterapia (9).
Exercícios para propriocepção e equilíbrio são fundamentais para a desenvoltura do paciente, como exercícios com bastões, bola, descarga de peso gradual, andadores, percursos (10).
Pode realizar atividades em que se estimule o raciocínio do paciente, como atividades de escrever, decorar palavras, nomear objetos, que levam a um estímulo da memória (7).
Porém a principal atitude a ser tomada é a companhia que este paciente precisa, nunca deixa-lo no abandono, por isso a conversa com familiares sobre o assunto é importante, para que assim este paciente possa conviver normalmente num meio familiar, eliminando o risco de passar o resto de sua vida num asilo (6).
Conclusão
Existe uma busca de uma melhor qualidade de vida para os pacientes e dos vários tipos de tratamento para a doença de Alzheimer, com o objetivo de amenizar os sintomas. Porém enquanto não for descoberta a etiologia dessa patologia, torna-se difícil chegar á cura dessa doença.
A fisioterapia busca melhoria na qualidade de vida do paciente, sendo que o paciente com Alzheimer necessita de uma reabilitação global, envolvendo uma equipe multidisciplinar, e que a fisioterapia tem um papel fundamental tanto na reabilitação motora quanto no retorno as relações interpessoais e na obtenção de independência por parte do paciente.

Fonte - http://fisioterapiaportoalegre.wordpress.com/area-de-atuacao/fisioterapia-neurofuncional/doenca-de-alzheimer-e-tratamento-fisioterapico/
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Memória nos Idosos - Entrevista com Dr. Drauzio Varella


A população de homens e mulheres acima dos 60 anos aumentou muito nas últimas décadas. Alguns ultrapassam os 80, 90 anos em condições clínicas satisfatórias, mas são raros os que não apresentam dificuldades com a memória. Em geral, as recordações do passado permanecem vivas, recheadas de pormenores, mas a memória falha, quando querem lembrar de acontecimentos recentes. Isso desconcerta um pouco os familiares. “Meu avô conta, com minúcias, histórias que ocorreram quando tinha cinco anos e morava no interior e se esquece do número do telefone de casa ou o que comeu no almoço”, fala o neto preocupado.
A pergunta que se impõe é, se a partir dos 40, 50 anos a capacidade de armazenar informações começa a sofrer um processo lento e gradativo de deterioração, ou se, no mundo moderno, a quantidade absurda de informações com que somos bombardeados dificulte sua assimilação. De qualquer modo, a perda da memória não pode ser considerada como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Quanto mais precoce forem diagnóstico e a prescrição do tratamento, mais fácil será deter a evolução da perda da memória.
SÍNDROME DEMENCIAL
Drauzio – A partir dos 40, 50 anos, perdemos um pouco a capacidade de reter os fatos na memória ou, hoje, a quantidade de informações é tão grande que é impossível lembrar todas elas?
Alberto Macedo Soares –Essa é uma dúvida a ser esclarecida. Não se pode negar que, hoje, além do acúmulo enorme de informações,  o grau de preocupação é tanto que o trabalho não se encerra com o término do expediente. Muitas vezes, a pessoa  de 40, 50 anos entra em casa, liga o computador e continua em atividade,  comprometendo as horas que deveriam ser reservadas para descansar e dormir. Essas situações são responsáveis por aumento da carga de estresse e pelo déficit de atenção, que podem provocar prejuízo da memória, principalmente da memória recente.
No entanto, não podemos interpretar a perda da memória como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Existem pessoas com 85, 90 anos com memória absolutamente íntegra, enquanto outras apresentam alterações muito mais jovens. Cabe-nos, então, investigar o que antigamente se chamava de esquecimento benigno e distingui-lo do esquecimento que é maligno, pois o déficit de memória associado à idade, que não é doença, é diferente da perda de memória que caracteriza a síndrome demencial, uma doença que prejudica o indivíduo a tal ponto que ele não consegue mais manter as funções social, pessoal e profissional.
Drauzio – Como se traça essa linha divisória?
Alberto Macedo Soares – Essa é a grande dificuldade. O envelhecimento pode, sim, trazer um pequeno déficit de atenção, de concentração, de armazenamento de dados atuais, mas em absoluto isso compromete as funções sociais do indivíduo. A partir do momento, porém, que ele passa a cometer deslizes no trabalho, não se lembra do nome do neto que vê todos os domingos, nem de tarefas corriqueiras como pagar uma conta, o esquecimento deixa de estar associado à idade e passa a ser encarado como sintoma de síndrome demencial. Embora esse termo pareça pesado demais e pejorativo no Brasil, esse é o nome que se usa em todo o mundo.
Drauzio – Parece certo que a perda de memória associada à idade frequentemente se refere à memória precoce. As memórias tardias ficam bem arquivadas e custam a desaparecer.
Alberto Macedo Soares – Tanto no prejuízo da memória associado à idade quanto na síndrome demencial, o déficit manifesta-se inicialmente para os fatos recentes. As pessoas vão se esquecendo dos recados, do número do telefone, do nome do vizinho. Quando o processo se agrava é um sinal de alerta.
Autores apontam que prejuízo da memória atribuído à idade, de 20% a 30% dos casos, pode ser manifestação inicial de uma doença mais séria. Por isso, a atenção deve ser redobrada e o paciente submetido a exames para identificar se realmente a perda da memória está associada à idade ou é o começo de uma doença que vai degenerar-se na síndrome demencial e exige tratamento precoce.
DIAGNÓSTICO
Drauzio – O que a família deve observar para distinguir um simples esquecimento ou distração de um quadro mais sério de perda da memória?
Alberto Macedo Soares – O problema deve chamar mais atenção quando os esquecimentos ficam frequentes. É óbvio que, se o dia foi marcado por acontecimentos tristes e a pessoa esqueceu de pagar uma conta, isso é normal e não deve ser levado em conta. Na correria do dia a dia, quantas vezes temos de voltar porque esquecemos a chave do carro ou um papel importante sobre a mesa. São esquecimentos que não prejudicam. Agora, quando o paciente sabia de cor o telefone da família inteira e dos amigos, mas não se lembra mais do número do telefone da própria casa ou do escritório, é um sinal de alerta  e a família deve encaminhá-lo para diagnóstico e tratamento. Nós, os geriatras, temos pressa em investigar esses casos a fim de evitar complicações futuras.
Drauzio – Como é feita essa investigação?
Alberto Macedo Soares – Primeiro, procura-se quantificar o tipo de perdas (memórias recentes, tardias, etc.). Depois, testamos outras funções, como a capacidade de interpretar provérbios, por exemplo. Alguns autores já propuseram instrumentos que permitem pontuar o desempenho do indivíduo de acordo com seu nível intelectual e graduação profissional para dizer se ele é portador da síndrome demencial ou não. Muitas vezes, quando o paciente procura o médico, já é portador de síndrome demencial grave, tão grave que não se lembra por que está ali. Para contornar essa dificuldade, somos obrigados a valer-nos de subterfúgios. A filha fala com a secretária, telefona, entrega um bilhetinho para o médico, ou pede para conversar com ele antes da consulta. “Ele sempre foi muito bravo, muito austero, e não admite que esteja ficando esquecido”, começa assim a maioria das conversas. Saber desses dados é essencial para o diagnóstico correto, pois certamente existe um problema grave que deve ser investigado de forma adequada.
DOENÇA DE ALZHEIMER 
Drauzio – Em que idade as síndromes demenciais geralmente se manifestam?
Alberto Macedo Soares – Vamos considerar a doença de Alzheimer, que é uma das mais devastadoras da memória. Menos de 5% da população com 50 anos manifestam essa doença, mas aos 90 anos, 50% da população tem Alzheimer.
Drauzio – Quais as principais características da doença de Alzheimer?
Alberto Macedo Soares – A doença de Alzheimer é causada pela diminuição do número de neurônios dentro do cérebro e pelo depósito de uma proteína chamada beta-amiloide. Isso faz com que o cérebro vá perdendo a função intelectual e o paciente começa esquecendo recadinhos, números de telefone, até que esquece o nome do neto ou a data de pagar as contas. Quando o comprometimento é mais grave, ele se esquece até de comer e de vestir-se. Alzheimer é uma doença degenerativa, de evolução lenta, insidiosa e progressiva. Muitas pessoas recebem equivocadamente esse diagnóstico para justificar a síndrome demencial. Na verdade, para fazer o diagnóstico da doença de Alzheimer com segurança, tínhamos que pedir uma biópsia do cérebro. Como não se pede biopsia cerebral para pessoas com déficit de memória, temos de encontrar uma forma de excluir as outras causas, pois existem mais de 30 ou 40 doenças que podem levar ao comprometimento da memória. Embora a doença de Alzheimer seja a mais frequente, seu diagnóstico deve ser feito por exclusão, isto é, o médico conclui que provavelmente o paciente é portador da doença de Alzheimer, porque nenhuma das outras causas foi determinada para justificar o quadro.
POSSÍVEIS CAUSAS
Drauzio – Na linguagem coloquial, as pessoas se referem aos mais velhos que se esquecem das coisas dizendo que estão ficando esclerosados. A medicina não reconhece essa classificação. Qual seria o termo adequado para definir tais situações?
Alberto Macedo Soares – Esclerose é uma palavra que vem do grego e significa enrijecimento. Há 30 ou 40 anos, acreditava-se que, com a idade, o indivíduo ficava esquecido porque os vasos cerebrais enrijeciam e ele se tornava portador de esclerose vascular ou de arteriosclerose. Daí o termo esclerosado que foi adotado equivocadamente para definir a pessoa com lapsos de memória. Sabemos que a arteriosclerose só é responsável por 20% dos esquecimentos. Por isso, o uso do termo é inadequado. O certo seria chamar de síndrome demencial e investigar suas possíveis causas.
Drauzio – A palavra demencial assusta muito os familiares, que a associam à ideia de loucura. 
Alberto Macedo Soares – Sem dúvida, isso acontece, especialmente no Brasil, onde a palavra é usada de forma agressiva e pejorativa. Chamamos de demente o camarada que passa na nossa frente para entrar no elevador: “Esse demente acha que está com mais pressa do que eu”, e de demente o motorista que cometeu uma imprudência no trânsito. No entanto, ao usar a expressão síndrome demencial, eu me valho da conotação e da agressividade contida na palavra demencial para causar impacto naqueles que ainda acham que esquecer é um fenômeno normal do envelhecimento. Se o idoso anda esquecido, pode ser portador de uma doença que merece ser investigada.
ESTÍMULO INTELECTUAL
Drauzio – Trabalhos demonstram que, quanto mais intelectualizadas as pessoas forem, quando mais atividades físicas fizerem, quanto mais rico for o universo em que vivem, menores serão os déficits de memória e mais lenta a evolução dos casos.
Alberto Macedo Soares – Realmente, há trabalhos mostrando que, teoricamente, quanto maior a atividade intelectual, mais o indivíduo estará protegido contra o acometimento das doenças degenerativas. Há dois ou três anos, estive com Alistair Burns, um pesquisador de memória da Inglaterra. Quando lhe perguntei qual sua recomendação para os interessados em proteger a memória, respondeu: “Digo para aprenderem uma nova língua”.
De fato, ao aprenderem uma nova língua, as pessoas estarão exercitando várias formas de linguagem e várias formas de memória. O processo de aprendizagem envolve necessidade de concentração e apelo constante à memória recente e à memória tardia. Por isso, quando alguém me diz que anda preocupado com a memória porque a mãe teve Alzheimer, pergunto-lhe: “Que língua você fala? Inglês? Então vá aprender francês”. Esse é um jeito de estimular várias funções da linguagem que contribuem para a preservação da memória.
TRATAMENTO
Drauzio – Quando a pessoa vai esquentar o café e esquece o fogo aceso, entra no banho e não se lembra onde estão a toalha e o sabonete, é sinal de que a deficiência da memória pode ter-se estabelecido. O que é possível fazer para minorar as conseqüências desse problema? 
Alberto Macedo Soares – Esse é um momento importante para começar a investigação. Entre as síndromes demenciais, ou seja, entre os déficits cognitivos – para usar uma nomenclatura mais suave para designar uma doença tão devastadora -, existem as potencialmente reversíveis e as irreversíveis.
Depressão, tumores benignos como o meningioma, ou mesmo um hematoma (o idoso caiu, bateu a cabeça e, depois de um tempo ficou esquisito) são causas de esquecimento potencialmente reversível. Mas existem outras: o hipotireoidismo, que é muito freqüente nos idosos, carência de vitamina B12, neurolues ou neurossífilis e a hidrocefalia de pressão intermitente, uma degeneração cujos sintomas são esquecimento, andar descoordenado, como o de um bêbado, e perda do controle urinário. Por que essas doenças são classificadas como causadoras de esquecimento potencialmente reversível? Porque o processo pode ser revertido se o paciente com hipotireoidismo, por exemplo, tomar hormônio tireoideano, logo que começou a apresentar alterações da memória. Agora, se o problema já estiver estabelecido há mais tempo, as chances de reverter o processo serão infinitamente menores.
Por isso, sempre se reitera a informação de que as causas do esquecimento devem ser investigadas assim que a pessoa começou a manifestar esse sintoma.
Drauzio – Quando os quadros demenciais são potencialmente reversíveis, trata-se a doença de base e a pessoa volta ao normal. Mas, quando estamos diante de um quadro de Alzheimer ou de outras demências irreversíveis, o que se pode fazer para retardar a evolução da doença? 
Alberto Macedo Soares – Muito se pode fazer. Infelizmente, a maioria dos pacientes é portadora de demências irreversíveis. No Brasil, as mais freqüentes são a doença de Alzheimer, os pequenos derrames cerebrais causados por micro-infartos, ou uma associação dessas duas enfermidades. Geralmente, os micro-infartos cerebrais são causados por obstruções ou entupimentos, pressão alta, níveis elevados de colesterol, fumo e diabetes, fatores que podem ser identificados e controlados na tentativa de impedir que continuem provocando pequenos acidentes cerebrais.
Todos sabemos que a doença de Alzheimer não tem cura. No entanto, recentemente se descobriu que pacientes com Alzheimer apresentam déficit de um dos maiores mediadores da memória, a acetilcolina e tentou-se administrar acetilcolina nesses casos, mas os efeitos colaterais foram terríveis. A estratégia, então, foi procurar diminuir a atividade destruidora da acetilcolina inibindo a ação da enzima que a destrói e, desse modo, evitar que a evolução dessa doença seja tão dramática.
Drauzio – Esse medicamento está disponível no mercado? 
Alberto Macedo Soares – Não só está disponível, como a rede pública de saúde o fornece gratuitamente. São remédios tão caros que eu costumava dizer que Alzheimer era doença de rico porque só os ricos conseguiam comprá-lo. Felizmente, o Ministério da Saúde desenvolveu centros de referência à saúde do idoso que distribuem o medicamento de graça. Em Santos, coordenamos um desses centros e fornecemos o remédio para os idosos das nove cidades da Baixada Santista.
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A Divulgação da Fonoaudiologia!

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Este Blog é uma central de compartilhamento de informações, notícias, trabalhos científicos e arquivos. Sendo seu objetivo principal a interação entre fonoaudiólogos ou estudantes de fonoaudiologia e áreas correlacionadas, sendo assim sua participação é sempre de extrema importância. Além das informações e orientações sobre Fonoaudiologia e áreas correlacionadas, estarão disponíveis materiais terapêuticos, sendo que as autorias sempre serão respeitadas. O fornecimento dos Download visa suprir a dificuldade de acesso e aquisição de materiais em nossas áreas de atuação, porem jamais fazendo apologia a pirataria. Assim deixo um pedido: Caso possam adquirir as obras nas livrarias, compre-as, contribuindo assim com os autores e com o movimento da máquina científica. As publicações de minha autoria que estão sendo disponibilizadas podem ser utilizadas de forma livre pelos visitantes, peço apenas que divulguem a fonte e autoria do material.
“As informações e sugestões contidas neste site têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento ao Odontopediatra, Ortopedia Funcional dos Maxilares, Ortodontia,Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Pediatria e outros especialistas”