Matéria maravilhosa cedida pela Dr. Cristiane Gomes, da cidade de Londrina-PR.
Consultora Internacional em Amamentação (IBLCE), Fonoaudióloga, Especialista em Motricidade Orofacial (CFFa), Mestre em Educação (UNESP), Doutora em Pediatria (UNESP), Pós-Doutorado em Saúde Coletiva (UEL), Psicanalista (Sociedade Psicanalítica do Paraná), Especialista em Teoria Psicanalítica e Doula.

Além das dificuldades na técnica da amamentação, das doenças maternas que podem interferir na produção e liberação de leite de forma suficiente, existem também alguns problemas que os próprios lactentes apresentam e podem promover redução na produção ou na extração láctea.
  • Bebês prematuros: a prematuridade é uma condição que dificulta a alimentação do bebê, pois pode reduzir os reflexos orais (sucção, deglutição, respiração e a coordenação entre eles), a pressão intraoral e o tônus muscular, tão importantes para a ordenha das mamas. Quando o bebê apresenta dificuldades para mamar, um ciclo vicioso pode se formar: sonolência excessiva, cansaço rápido logo ao início da mamada, extração insuficiente de leite materno, redução da produção de leite por falta de esvaziamento, pouco ganho/manutenção/perda de peso, que leva à sonolência. Nesses casos pode ser necessário o acompanhamento interdisciplinar com pediatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, entre outros para evitar o desmame;

  • Bebês com Síndromes: em geral, as síndromes tem potencial para promover dificuldades de alimentação, como por exemplo a Síndrome de Down, cuja principal característica é a hipotonia muscular global, incluindo a oral, que dificulta a extração do leite, ainda que o bebê apresente sucção; no caso da Síndrome de Pierre Robin, caracterizada por fissura labiopalatina, micrognatia (mandíbula pequena e retraída) e glossoptose (queda da língua), a amamentação pode se tornar bem difícil e ser necessário acompanhamento profissional; Síndrome de Möebius, com paralisia facial congênita, o que dificulta a alimentação devido a falta de contração dos músculos necessários à alimentação. É importante também o acompanhamento interdisciplinar para verificar as possibilidades e limitações do aleitamento materno, especialmente nos casos mais graves ou intervenção precoce para favorecer a prática da amamentação;

  • Bebês com Fissura labiopalatina: bebês com fissura podem e devem ser amamentados, no entanto, em alguns casos será necessária intervenção fonoaudiológica, especialmente quando o bebê apresentar fissura de lábio e palato, já que a pressão intraoral escapa pela fissura, dificultando a pega e sua manutenção, bem como a ordenha de leite. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas pelo profissional para auxiliar as mães na amamentação e, caso seja necessário, pode ocorrer complementação por copo (sempre com leite materno como primeira opção);

  • Bebês com disfunções orais: neste caso, o bebê não apresenta nenhum tipo de anormalidade, mas suas posturas orais e movimentos estão alterados, o que dificulta a extração de leite e muitas vezes provoca fissuras mamilares, perda de peso, choro excessivo. Algumas disfunções orais são: dificuldades de abertura de boca, língua retraída, língua elevada, tensão oral excessiva. Nesses casos será necessária avaliação e intervenção de um fonoaudiólogo consultor em amamentação para que o bebê adquira habilidades de ordenha do leite de forma adequada;

  • Bebês com confusão de bicos: ao oferecer bicos artificiais ao bebê, este pode modificar sua forma de sugar, o que dificulta a retirada de leite da mama e pode levar ao desmame. Dessa forma, é importante prevenir este tipo de problema não oferecendo bicos artificiais aos bebês amamentados e procurando ajuda profissional nos casos já instalados. É importante destacar que todos os bicos (chupeta, mamadeira, intermediário de silicone) devem ser totalmente excluídos para que o bebê tenha condições de voltar ao seio materno.

  • Bebês com frênulo de língua curto que impede a amamentação: nos casos em que há dor, fissura, dificuldades de ganho de peso e houver a exclusão de outros fatores, como a ocorrência de confusão de bicos e problemas na técnica de amamentação, uma avaliação e conduta podem ser necessárias, mas a frenotomia (cirurgia) só deve ser realizada quando houver real necessidade, caso contrário pode complicar ainda mais a amamentação.

Como pudemos acompanhar, algumas dificuldades podem ser prevenidas, outras tratadas, mas existe sempre a possibilidade da amamentação de forma exclusiva ocorrer com ajuda profissional. Não desista, é possível!